Indonésia não cede sobre execução de estrangeiros condenados por drogas

Em Jacarta (Indonésia)

  • BBC/Kathryn Bonella

    Os brasileiros Rodrigo Muxfeldt Gularte (à esquerda) e Marco Archer Cardoso Moreira, que foi executado na Indonésia em janeiro, acusado de tráfico de drogas

    Os brasileiros Rodrigo Muxfeldt Gularte (à esquerda) e Marco Archer Cardoso Moreira, que foi executado na Indonésia em janeiro, acusado de tráfico de drogas

O presidente indonésio, Joko Widodo, é intransigente sobre a execução de estrangeiros condenados à morte por tráfico de drogas, entre eles um brasileiro e um francês, apesar dos pedidos internacionais de clemência.

O Supremo Tribunal da Indonésia rejeitou na terça-feira (21) o último recurso de apelação do francês condenado à morte por fuzilamento por tráfico de drogas, que pedia a revisão de seu caso.

O francês, Serge Atlaoui, de 51 anos, que clama inocência, forma parte de um grupo de 11 estrangeiros condenados à morte por narcotráfico, junto com o brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, que, segundo sua família, sofre de transtornos mentais.

Também na terça-feira, os juízes do Supremo Tribunal negaram o recurso do ganês Martin Anderson, que também espera sua hora no corredor da morte por tráfico de drogas.

No dia 6 de abril, a Justiça indonésia já havia rejeitado a apelação de dois australianos condenados à morte por narcotráfico, abrindo caminho para sua execução junto a outros nove condenados estrangeiros.

O próprio brasileiro Rodrigo Gularte havia apresentado um pedido de indulto ao presidente indonésio, que também foi negado.

Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff negou-se a aceitar as cartas credenciais do novo embaixador da Indonésia devido à execução por fuzilamento do também brasileiro Marco Archer, em 18 de janeiro.

Na ocasião, junto ao brasileiro foram executados na Indonésia cinco condenados à morte, entre eles quatro forasteiros.

Gesto de clemência

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, pediu na terça-feira à Indonésia um gesto de clemência em relação ao cidadão francês no corredor da morte. Já a mulher de Serge Atlaoui solicitou ao presidente indonésio que indulte seu marido.

No entanto, devido à intransigência mostrada até agora pelo presidente Joko Widodo, conhecido como Jokowi, estes apelos têm poucas chances de serem atendidos.

"Jokowi está profundamente convencido de que uma execução é o melhor para lutar contra o tráfico de drogas", que deixa todos os anos centenas de mortos no país, declarou nesta quarta-feira à AFP o analista político Yohanes Sulaiman.

"Politicamente, Jokowi compreendeu que os indonésios querem um líder firme e quer demonstrar que é um presidente firme, comparado com seu antecessor [Susilo Bambang Yudhoyono], conhecido por sua indecisão", afirma.

Depois de ter vencido as eleições e assumido o cargo em outubro, uma das primeiras decisões do presidente Jokowi foi rejeitar todos os pedidos de indulto dos condenados à morte por tráfico de drogas.

Segundo uma pesquisa realizada pela agência Indo Barometer com 1.200 pessoas na Indonésia, entre 15 e 24 de março, 84,1% dos entrevistados se declararam favoráveis à aplicação da pena de morte para os condenados por tráfico de drogas, e apenas 11,8% se pronunciaram contra.

Segundo o analista Sulaiman, as ameaças de França ou Austrália contra a Indonésia de que haverá consequências se as execuções ocorrerem quase não terão impacto.

"É muito pouco provável que Austrália ou União Europeia imponham um boicote econômico" à Indonésia, primeira economia do Sudeste Asiático, diz o especialista.

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