Abandono de cotas sobre migrantes por parte da UE irrita Itália

Da AFP, em Bruxelas

  • Julien Warnard - 23.abr.2015/EFE

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, reagiu duramente e criticou, nesta quinta-feira (25), os colegas da UE (União Europeia) por sua falta de solidariedade diante do fluxo migratório pelo Mediterrâneo. "Se essa é sua ideia da Europa, fiquem com ela", disse Renzi, furioso. "Ou prestam solidariedade, ou não nos façam perder tempo".

"Sou um homem tranquilo, mas digo que se a Europa é apenas uma questão de orçamento, não é a Europa que pensamos".

Foi assim que Renzi falou com seus homólogos da UE reunidos em uma cúpula na sede da entidade, em Bruxelas (Bélgica). No encontro, rejeitou-se uma proposta da Comissão Europeia para instaurar um mecanismo de distribuição dos pedidos de asilo recebidos por Itália, Grécia e Malta, com base em cotas obrigatórias por país.

A Comissão propôs repartir, entre os 28 países-membros do bloco, 40 mil solicitantes de asilo originários da Síria, ou da Eritreia, que chegam à Europa. O objetivo é aliviar os países mais expostos ao fluxo migratório para administrar os pedidos e organizar sua acolhida.

Numerosos países da Europa Central e do Leste defenderam que esta "distribuição" de cotas de asilo se faça de maneira voluntária. "Se não quiserem tomar 40 mil não são dignos de se chamar Europa", proclamou Renzi.

A Itália administra um fluxo incessante de imigrantes que tentam chegar ao país, cruzando o Mediterrâneo. Muitas vezes, a viagem termina em tragédia.

O acordo acertado estipula um aval dos dirigentes da UE "à distribuição de 40 mil imigrantes que chegaram à Itália e à Grécia (...) e a reinstalação de 20 mil refugiados", mas não prevê qualquer obrigação, como pedia a Comissão, apenas um "compromisso vinculante", explicou uma fonte europeia.

"A discussão foi longa e houve momentos de tensão", disse o presidente francês, François Hollande.

"Dada a importância do fenômeno, oferecer uma perspectiva de vida para 60 mil pessoas é um esforço modesto", avaliou o presidente da Comissão e autor da proposta, Jean-Claude Juncker. "Isto prova que a Europa não está a altura dos princípios que proclama".

Mais de 100.000 migrantes cruzaram o Mediterrâneo até o fim de junho deste ano. Em abril, a UE realizou uma cúpula de emergência, em consequência do naufrágio da embarcação com 800 pessoas a bordo, rumo à Europa.

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