O artista e dissidente chinês Ai Weiwei obteve um visto para viajar à Alemanha, informou nesta segunda-feira (27) à AFP, poucos dias depois que a polícia devolveu seu passaporte confiscado durante quatro anos.

Não está claro ainda que dispor de passaporte e visto signifique que o artista poderá entrar e sair da China livremente. Muitos dissidentes chineses foram detidos no aeroporto quando tentavam deixar o país, enquanto outros não puderam voltar para casa.

Na semana passada, Weiwei, que mantém relações delicadas com as autoridades comunistas, anunciou que Pequim devolveu seu passaporte, depois de ter ficado privado dele por quatro anos.

O famoso ativista iconoclasta postou nas redes sociais uma foto sua com o documento e a frase "hoje recuperei meu passaporte".

Weiwei empreendeu uma campanha durante 600 dias para recuperar seu passaporte, fotografando ramos de flores que mudava diariamente na cesta de uma bicicleta estacionada diante de seu ateliê. Uma iniciativa que repercutiu na internet com o marcador (hashtag) #flowersforfreedom.

Pintor, escultor e artista plástico, Ai Weiwei foi acusado de fraude fiscal e detido de abril a junho de 2011, o que provocou uma onda de indignação em todo o mundo.

As relações tensas entre Weiwei e as autoridades chinesas parecem, no entanto, ter se acalmado nos últimos meses. Em junho, o jornal oficial "Global Times" sugeriu em um editorial que era a hora de "virar a página" em relação ao artista.

As autoridades também permitiram que o artista inaugurasse sua primeira exposição individual no Espaço 798, um bairro de Pequim dedicado à arte contemporânea.