Países africanos adotam medidas extremas de segurança para visita do papa
-
Reprodução/Globalnation.inquirer
Imagem de arquivo mostra o papa Francisco ao lado de jovens
As forças de segurança do Quênia, Uganda e República Centro-Africana, países abalados pela violência, finalizam as medidas de segurança para a visita de cinco dias do papa Francisco, com início previsto para esta quarta-feira (25).
Quênia e Uganda, que integram a Amisom (Força da União Africana na Somália), são alvos dos islamitas somalis shebab, aliados da Al Qaeda.
Os governos dos dois países anunciaram a mobilização de quase 10 mil policiais em Nairóbi e Kampala, as capitais, cidades onde o pontífice celebrará grandes missas ao ar livre.
"Adotamos todos os dispositivos de segurança, que serão aplicados a partir de sua chegada", disse o chefe de polícia do Quênia, Joseph Boinett. "Eles envolvem as estradas por onde o papa circulará e os locais de visita e alojamento", completou.
Mais de 400 pessoas morreram nos atentados executados pelos shebab no Quênia desde setembro de 2013, quando aconteceu o ataque contra o shopping center Westgate, em Nairóbi, que deixou 67 mortos.
Mais de cem pessoas morreram em vários ataques contra localidades da costa, e 148 foram assassinadas por um comando na Universidade de Garissa (no leste) em abril de 2015.
Em alguns casos, os criminosos liberaram muçulmanos e mataram apenas os não muçulmanos.
Em Uganda, dois atentados mataram 76 pessoas em um restaurante e um bar de Kampala durante a final da Copa do Mundo de 2010.
A ONU anunciou que 300 capacetes azuis baseados na Costa do Marfim serão enviados à República Centro-Africana para apoiar os 12 mil integrantes da Minusca (Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana), responsáveis pela segurança durante a visita papal.
A República Centro-Africana, que terá eleições no fim de dezembro, está em guerra civil desde 2013, um conflito que opõe cristãos e muçulmanos.
A segurança continua sendo precária, sobretudo na capital Bangui, onde Francisco deve realizar uma visita de 24 horas e que, de acordo com as circunstâncias, pode ser cancelada.
"Veremos, em função da situação no local, se a viagem a Bangui será mantida", declarou recentemente o cardeal Pietro Parolin, do Vaticano.
A França alertou que a visita seria "arriscada" e que os 900 soldados franceses presentes no país não teriam condições de garantir a segurança do papa.
No Quênia, o momento de maior risco será a visita do pontífice ao subúrbio de Kangemi, a noroeste de Nairóbi, onde 200 mil pessoas moram em condições de miséria.
"Ao contrário da visita de Barack Obama [em julho], durante a qual o governo pediu aos quenianos que permanecessem em casa, estimulamos os quenianos a viajar até a cidade para receber o papa e participar da missa", disse o porta-voz do governo, Manoah Esipisu.
"Esperamos que 10% dos católicos quenianos, ou seja, quase 1,4 milhão de pessoas procedentes de todo o país, assistam à missa de Nairóbi", disse o coordenador da visita papal, monsenhor Alfred Rotich.
As autoridades ugandesas calculam que 100 mil pessoas comparecerão ao Parque da Independência de Kololo, em Kampala, para ouvir o papa Francisco.