Burkina Faso escolhe presidente pela primeira vez em 30 anos sem Compaoré
Burkina Faso comparece às urnas neste domingo (29) para as primeiras eleições presidenciais desde a queda, ano passado, do regime de Blaise Compaoré, que governou o país durante 27 anos.
Quase 5,5 milhões de pessoas estão registradas para eleger o presidente e o novo Parlamento.
A votação conclui o processo de transição política iniciado após a queda de Blaise Compaoré no fim de 2014, expulso do poder por uma revolta popular.
Os resultados oficiais devem ser anunciados pela Comissão Eleitoral, a princípio, na segunda-feira à noite.
"Pela primeira vez em 50 anos há uma incerteza eleitoral, não sabeeos que vai ganhar", disse Abdoulaye Soma, presidente da Sociedade Burquinense de Direito Constitucional.
As eleições estavam previstas para 11 de outubro, mas foram adiadas após uma tentativa frustrada de golpe de Estado liderada por um general leal a Compaoré.
A disputa tem 14 candidatos à presidência, que lutam por um mandato de cinco anos.
Roch Marc Christian Kaboré e Zéphirin Diabré, dois ex-ministros de Compaoré, que passaram à oposição antes da destituição, são os favoritos.
Nenhum integrante da equipe de transição política - presidente ou ministros - foi autorizado a entrar na disputa.
Esta é a primeira vez desde o início dos anos 1980 que Compaoré não participa em uma eleição nacional. Seu partido, o Congresso para a Democracia e o Progresso (CDP), vencedor de todas as votações, foi proibido de apresentar candidato à presidência.
No entanto, o CDP tem candidatos nas eleições legislativas e pode obter bons resultados. A sombra de Compaoré, exilado na vizinha Costa do Marfim, marca as eleições.
Sete dos 14 candidatos à presidência passaram, em menor ou maior medida, por seu regime.
Kaboré, por exemplo, ficou 26 anos ao lado do ex-presidente e exerceu os cargos de primeiro-ministro e presidente da Assembleia Nacional. Também foi líder do CDP antes de cair em desgraça. Deixou o partido 10 meses antes da queda de Compaoré.
Diabré, apesar de ter trabalhado por muitos anos no setor privado, deve grande parte da carreira política ao ex-presidente.
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