A maioria governista do Congresso do Equador aprovou nesta quinta-feira (3) a reeleição presidencial ilimitada --vigente na Venezuela e na Nicarágua-- a partir das eleições de 2021, ao aprovar um conjunto de emendas que também excluem Rafael Correa do pleito de 2017.

Após mais de nove horas de debates e de manifestações opositoras nas ruas, o Poder Legislativo aprovou as emendas constitucionais com 100 votos a favor, 8 contra e uma abstenção.

"Com 100 votos a favor, está aprovado o Projeto de #EnmiendasPorUnaPatriaMejor, graças à cidadania por seu apoio permanente", escreveu no Twitter a presidente da Assembleia Nacional, Gabriela Rivadeneira.

"Que vitória do povo equatoriano! Obrigado, companheiros constituintes! Obrigado AP (Aliança País, partido da situação)! Obrigado Unidos! Obrigado cidadãos! Isso não era apenas pelas emendas", afirmou Correa, em visita oficial na França, em sua conta no Twitter.

Com 137 membros, o Parlamento precisava do voto de dois terços da Casa (92 membros) para fazer mudanças na Carta Magna, que, até então, permitia a reeleição por uma única vez, consecutiva ou não.

O Equador se torna, assim, o terceiro país latino-americano a aprovar a reeleição ilimitada, depois de Venezuela e Nicarágua.

A aprovação das emendas foi alvo de manifestações a favor e contra no centro de Quito e em outras cidades, algumas das quais registraram leves distúrbios.

Na frente do Congresso, no centro de Quito, centenas de partidários e críticos do presidente fizeram vigílias a favor e contra as mudanças constitucionais. Na mesma área, vários homens encapuzados tentaram romper o cerco policial, jogando pedras, morteiros e pedaços de pau contra os agentes.

"Estamos vivendo em plena ditadura. Essa é uma ditadura por um governo prepotente, autoritário, um governo que faz e desfaz com nossos recursos", reclamou a dona de casa Patricia Pinto, de 43 anos.

As mobilizações se repetiram em outras localidades, como Cuenca (sul) e Guayaquil (sudoeste).