Assad diz a Putin que está disposto a respeitar cessar-fogo na Síria

Moscou, 24 Fev 2016 (AFP) - O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou ao seu colega russo, Vladimir Putin, que está disposto a respeitar o projeto de acordo americano-russo de cessar-fogo entre o regime e a oposição na Síria, que deve entrar em vigor no final da semana.

O Kremlin multiplicou nesta quarta-feira as consultas diplomáticas com os países do Oriente Médio envolvidos no conflito. Neste sentido, Putin discutiu com o líder sírio, com o rei Salmane da Arábia Saudita, que apoia os rebeldes sírios, e com o presidente iraniano Hassan Rohani, aliado político e militar de Damasco.

Segundo um comunicado divulgado pelo Kremlin depois da conversa telefônica entre Putin e Assad, o presidente sírio "confirmou que o seu governo está disposto a contribuir para a aplicação do cessar-fogo".

O presidente sírio considerou que esta trégua, prevista a partir de sexta-feira às 22h00 GMT (19h00 de Brasília), é "um passo importante para uma solução política ao conflito", acrescenta o texto.

Putin e Assad ressaltaram, no entanto, "a importância de uma luta inflexível contra o Estado Islâmico, a Frente al-Nosra e outros grupos terroristas considerados como tais pela ONU", segundo a mesma fonte.

O ministério das Relações Exteriores sírio já havia afirmado na terça-feira à AFP que o regime aceitava a trégua, mas prosseguiria com suas "operações militares para lutar contra o terrorismo do Daesh (acrônimo em árabe do EI), a Frente al-Nosra e outros grupos terroristas vinculados a eles".

Damasco diz estar disposto a coordenar com os russos quais regiões e grupos armados o cessar-fogo afetará.

De acordo com o Kremlin, "o rei da Arábia Saudita saudou o acordo concluído (sobre um cessar-fogo) e está disposto a trabalhar com a Rússia para a sua implementação".

E os líderes russo e iraniano reiteraram "a importância do trabalho conjunto da Rússia e do Irã na resolução da crise síria, especialmente na luta incansável contra o grupo jihadista Estado Islâmico, contra a Frente al-Nusra e contra as outras organizações terroristas presentes na lista negra do Conselho de Segurança das Nações Unidas".

A trégua proposta, cujos termos foram definidos por Moscou e Washington, aparece cerca de três semanas após o fracasso das negociações de paz em Genebra e após um cessar-fogo que deveria entrar em vigor na sexta-feira, de acordo com um acordo patrocinado por Moscou e Washington, foi ignorado.

Enquanto isso, o secretário de Estado americano, John Kerry, admitiu na terça-feira ante o Senado que um eventual "plano B" para a Síria seria discutido em caso de fracasso do processo diplomático e político que os Estados Unidos e a Rússia estão tentando avançar.

Os acordos internacionais preveem também um processo de transição política, com eleições e uma constituição nos próximos meses.

"Saberemos em um mês ou dois, se o processo de transição é realmente sério", afirmou Kerry. "Se este não for o caso (...) opções para um plano B serão, obviamente, examinadas", insistiu, mas sem dar detalhes.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ressaltou nesta quarta-feira que é "prematuro" falar sobre Plano B.

"A tarefa mais urgente é alcançar um cessar-fogo com os grupos que apoiam a iniciativa dos dois presidentes", acrescentou.

"Partimos do princípio que houve tantos esforços para chegar a este comunicado conjunto (com os Estados Unidos), que é necessário implementá-lo agora e não trabalhar em planos B", declarou, por sua vez, a porta-voz da diplomacia russa Maria Zakharova.

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