Iranianos apoiam política de abertura de Rohani e seus aliados

Teerã, 29 Fev 2016 (AFP) - O presidente moderado Hassan Rohani e seus aliados reformistas receberam o apoio dos iranianos à sua política de abertura em duas eleições cruciais realizadas na sexta-feira, nas quais superaram os conservadores sem obter, no entanto, a maioria no parlamento.

Sete meses depois do acordo histórico entre o Irã e as grandes potências sobre seu programa nuclear que tirou o país do isolamento, Rohani conseguiu bons resultados nas eleições legislativas e na da Assembleia dos Especialistas.

O presidente do Parlamento em fim de mandato, Ali Larijani, um conservador moderado, considerou que após as eleições, os esforços devem "se concentrar na convergência" das forças "para fazer avançar os objetivos" do país.

O ex-presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005), arquiteto da aproximação entre reformistas e moderados, saudou "a solidariedade, a unidade e a coalizão das forças que querem reformar o país".

Duas figuras do conservadorismo iraniano, Mohamad Yazdi e o aiatolá Mohamad Taghi Mesbah Yazdi, perderam seu posto nesta influente assembleia, encarregada de nomear o guia supremo iraniano.

Trata-se de uma vitória para reformistas e moderados que, no entanto, não conseguiram eliminar da Assembleia o aiatolá Ahmad Janati, chefe do influente Conselho dos Guardiões da Constituição, um órgão chave na vida política do Irã.

O ex-presidente moderado Akbar Hachemi Rafsandjani, o conservador Mohamad Emami Kashani e o próprio presidente Rohani foram eleitos.

O papel desta assembleia de 88 membros é chave porque elege o guia supremo caso faleça durante seu mandato, de oito anos. O guia atual, Ali Khamenei, tem 76 anos.

Também foi reeleito o conservador Sadegh Larijani, nomeado pelo guia e responsável pela autoridade judicial, que acusou os moderados de "tentar eliminar alguns servidores do povo", segundo ele "em coordenação com os meios de comunicação americanos e britânicos".

Sem maioria Reformistas e moderados também podem ficar satisfeitos com o resultado nas legislativas (290 deputados no total), das quais, no entanto, obter a maioria.

A maioria dos ultraconservadores perderam sua cadeira no Parlamento, e o presidente Rohani poderá contar, além de seus próprios partidários, com deputados conservadores moderados em alguns assuntos e reformas.

De 290 assentos, 103 são ocupados por conservadores ou próximos, 95 por reformistas/moderados ou próximos e 14 por independentes, cuja tendência política ainda é desconhecida.

É necessário acrescentar quatro conservadores moderados que foram apoiados pelos reformistas e cinco representantes das minorias religiosas que não têm nenhuma afiliação política.

Um segundo turno será realizado em abril para preencher 69 lugares onde nenhum candidato obteve um número suficiente de votos para ser eleito no primeiro turno.

Sua maior vitória foi em Teerã, onde obtiveram 30 assentos, até agora nas mãos dos conservadores. No resto do país os conservadores chegaram na liderança, mas alguns dos mais radicais que se opuseram ao acordo sobre o programa nuclear foram eliminados.

Os reformistas boicotaram as legislativas de 2012 e só obtiveram 30 deputados. Agora terão quase três vezes mais, embora muitos não tenham podido se apresentar, ao serem afastados pelo Conselho dos Guardiões da Constituição, que tem direito de veto sobre os candidatos.

O novo parlamento também terá ao menos 14 mulheres, em sua maioria favoráveis a Rohani, contra as nove atuais, todas conservadoras.

Para obter a vitória no parlamento, Rohani apostou pelo acordo com o Ocidente, que entrou em vigor em meados de janeiro, e pelo levantamento de grande parte das sanções internacionais.

O presidente quer colocar em andamento reformas econômicas e sociais antes do fim do primeiro mandato de quatro anos, em 2017, cogitando se apresentar muito provavelmente para um segundo e último mandato.

Os três últimos presidentes iranianos, o moderado Akbar Hachemi Rafsandjani (1989-1997), o reformista Mohamad Khatami (1997-2005) e o conservador Mahmud Ahmadinejad (2005-2013), obtiveram a maioria no parlamento após chegarem ao poder

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