ONU aproveita a trégua para entregar ajuda humanitária na Síria
Damasco, 29 Fev 2016 (AFP) - As Nações Unidas começaram a entregar nesta segunda-feira ajuda humanitária a milhares de civis sírios em zonas sitiadas na Síria, onde a fome pode provocar milhares de mortes, aproveitando o terceiro dia de uma trégua.
O grupo de trabalho ('task force') encarregado de vigiar a aplicação da trégua reuniu-se esta tarde em Genebra depois que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que o auspicia, dissesse que se mantém "globalmente", embora desde a sua entrada em vigor, no sábado, tenham sido observados "alguns incidentes", que espera que "não se multipliquem".
A França pediu uma reunião sem demoras desta instância, ao transcender informações sobre a continuação dos ataques aéreos "contra zonas controladas pela oposição moderada".
Aproveitando esta trégua sem precedentes, dez caminhões carregados de material humanitário (cobertores, produtos de limpeza, sabão, absorventes higiênicos e fraldas) chegaram nesta segunda-feira a a Muadamiyat al Sham, uma localidade situada pelo exército a sudoeste de Damasco, informou a organização Crescente Vermelho.
Trata-se da primeira entrega de ajuda humanitária desde que a trégua começou, no sábado passado.
A ONU anunciou que o objetivo nos próximos cinco dias é entregar ajuda a mais de 154.000 pessoas que vivem em localidades cercadas por algum dos grupos em conflito.
As Nações Unidas estimam que mais de 480 mil sírios vivam em zonas sitiadas pelo exército regular, rebeldes ou jihadistas do grupo Estado Islâmico ou Al Qaeda.
Advertência da ONUA situação destes civis isolados é crítica e o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, o jordaniano Zeid Ra'ad Al Hussein, advertiu na segunda-feira que a fome pode provocar milhares de mortes.
"Os alimentos, os medicamentos e outros produtos de ajuda humanitária de urgência são repetidamente bloqueados. Milhares de pessoas podem morrer de fome", disse o Alto Comissário.
"A privação deliberada de alimentos está claramente proibida como arma de guerra. Por extensão, o cerco de localidades também está", declarou o Alto Comissário.
A trégua abarca o regime e os rebeldes moderados, mas exclui os grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Frente al Nosra, braço local da rede Al Qaeda. O cumprimento da suspensão das hostilidades é difícil, pois a Al Nosra é aliada de outros rebeldes em várias regiões do país.
Na madrugada desta segunda-feira, rebeldes atiraram foguetes sobre regiões controladas pelo regime na cidade de Aleppo e aviões russos bombardearam uma localidade ao sul de Hama, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Outros ataques atingiram a parte da cidade de Deir Ezor (leste) controlada pelo EI, acrescentou o OSDH, e destacou que o número de mortos nas zonas controladas pelo EI caiu drasticamente com a trégua.
Por outro lado, a artilharia turca atacou posições do EI na província de Aleppo, em coordenação com a coalizão internacional.
A entrega efetiva de ajuda também criaria um ambiente mais propício para discussões de paz, após as tentativas fracassadas no início do mês.
O enviado da ONU espera relançar as negociações de paz em 7 de março, caso o cessar-fogo seja mantido e a entrega de ajuda prossiga.
Nesta segunda-feira, autoridades do Pentágono conversaram com seus contrapartes russos, no âmbito de uma série de diálogos destinados a evitar erros militares na Síria.
A Rússia e uma coalizão liderada pelos Estados Unidos realizam campanhas militares separadas na conturbada Síria, onde os Estados Unidos toma como alvo o grupo Estado Islâmico e a Rússia apoia as forças do regime, razão pela qual há alto risco de colisão aérea ou outros acidentes.
"As duas partes avaliaram medidas para aumentar a segurança operacional (...), inclusive meios de evitar acidentes ou enfrentamentos indesejados entre forças da coalizão e russas, visto que as duas partes operam perto uma da outra", disse o secretário de imprensa do Pentágono Peter Cook em um comunicado.
"Hoje saímos para brincar"Nas grandes cidades da Síria, os moradores foram às ruas no domingo depois de uma noite tranquila para fazer suas compras, aproveitando a incomum calma.
Nos bairros rebeldes de Aleppo, os alunos, acostumados a caminhar junto das paredes para evitar bombardeios, caminhavam pelo pelo da rua, constataram os correspondentes da AFP.
"Antes, os nossos professores nos proibiam de sair por causa dos ataques aéreos. Mas hoje saímos para brincar", contou à AFP Ranim, uma menina de 10 anos do distrito rebelde de Bustan Al-Qasr.
A calma era total nas proximidades de Damasco, e as ruas da capital estavam muito animadas, constatou a AFP.
O acordo de trégua promovido por Moscou e Washington, apoiado pela ONU, é o primeiro do tipo nos cinco anos de uma guerra que deixou mais de 270 mil mortes e obrigou milhões de pessoas a deixar suas casas.
bur-ram/avl.
O grupo de trabalho ('task force') encarregado de vigiar a aplicação da trégua reuniu-se esta tarde em Genebra depois que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que o auspicia, dissesse que se mantém "globalmente", embora desde a sua entrada em vigor, no sábado, tenham sido observados "alguns incidentes", que espera que "não se multipliquem".
A França pediu uma reunião sem demoras desta instância, ao transcender informações sobre a continuação dos ataques aéreos "contra zonas controladas pela oposição moderada".
Aproveitando esta trégua sem precedentes, dez caminhões carregados de material humanitário (cobertores, produtos de limpeza, sabão, absorventes higiênicos e fraldas) chegaram nesta segunda-feira a a Muadamiyat al Sham, uma localidade situada pelo exército a sudoeste de Damasco, informou a organização Crescente Vermelho.
Trata-se da primeira entrega de ajuda humanitária desde que a trégua começou, no sábado passado.
A ONU anunciou que o objetivo nos próximos cinco dias é entregar ajuda a mais de 154.000 pessoas que vivem em localidades cercadas por algum dos grupos em conflito.
As Nações Unidas estimam que mais de 480 mil sírios vivam em zonas sitiadas pelo exército regular, rebeldes ou jihadistas do grupo Estado Islâmico ou Al Qaeda.
Advertência da ONUA situação destes civis isolados é crítica e o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, o jordaniano Zeid Ra'ad Al Hussein, advertiu na segunda-feira que a fome pode provocar milhares de mortes.
"Os alimentos, os medicamentos e outros produtos de ajuda humanitária de urgência são repetidamente bloqueados. Milhares de pessoas podem morrer de fome", disse o Alto Comissário.
"A privação deliberada de alimentos está claramente proibida como arma de guerra. Por extensão, o cerco de localidades também está", declarou o Alto Comissário.
A trégua abarca o regime e os rebeldes moderados, mas exclui os grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Frente al Nosra, braço local da rede Al Qaeda. O cumprimento da suspensão das hostilidades é difícil, pois a Al Nosra é aliada de outros rebeldes em várias regiões do país.
Na madrugada desta segunda-feira, rebeldes atiraram foguetes sobre regiões controladas pelo regime na cidade de Aleppo e aviões russos bombardearam uma localidade ao sul de Hama, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Outros ataques atingiram a parte da cidade de Deir Ezor (leste) controlada pelo EI, acrescentou o OSDH, e destacou que o número de mortos nas zonas controladas pelo EI caiu drasticamente com a trégua.
Por outro lado, a artilharia turca atacou posições do EI na província de Aleppo, em coordenação com a coalizão internacional.
A entrega efetiva de ajuda também criaria um ambiente mais propício para discussões de paz, após as tentativas fracassadas no início do mês.
O enviado da ONU espera relançar as negociações de paz em 7 de março, caso o cessar-fogo seja mantido e a entrega de ajuda prossiga.
Nesta segunda-feira, autoridades do Pentágono conversaram com seus contrapartes russos, no âmbito de uma série de diálogos destinados a evitar erros militares na Síria.
A Rússia e uma coalizão liderada pelos Estados Unidos realizam campanhas militares separadas na conturbada Síria, onde os Estados Unidos toma como alvo o grupo Estado Islâmico e a Rússia apoia as forças do regime, razão pela qual há alto risco de colisão aérea ou outros acidentes.
"As duas partes avaliaram medidas para aumentar a segurança operacional (...), inclusive meios de evitar acidentes ou enfrentamentos indesejados entre forças da coalizão e russas, visto que as duas partes operam perto uma da outra", disse o secretário de imprensa do Pentágono Peter Cook em um comunicado.
"Hoje saímos para brincar"Nas grandes cidades da Síria, os moradores foram às ruas no domingo depois de uma noite tranquila para fazer suas compras, aproveitando a incomum calma.
Nos bairros rebeldes de Aleppo, os alunos, acostumados a caminhar junto das paredes para evitar bombardeios, caminhavam pelo pelo da rua, constataram os correspondentes da AFP.
"Antes, os nossos professores nos proibiam de sair por causa dos ataques aéreos. Mas hoje saímos para brincar", contou à AFP Ranim, uma menina de 10 anos do distrito rebelde de Bustan Al-Qasr.
A calma era total nas proximidades de Damasco, e as ruas da capital estavam muito animadas, constatou a AFP.
O acordo de trégua promovido por Moscou e Washington, apoiado pela ONU, é o primeiro do tipo nos cinco anos de uma guerra que deixou mais de 270 mil mortes e obrigou milhões de pessoas a deixar suas casas.
bur-ram/avl.