ONU tenta entregar ajuda ante perspectiva de milhares de mortes por fome na Síria
Damasco, 29 Fev 2016 (AFP) - As Nações Unidas se dispunham a entregar nesta segunda-feira ajuda humanitária a milhares de civis sírios em zonas sitiadas na Síria, onde a fome pode provocar milhares de mortes, aproveitando o terceiro dia de uma trégua, que, no geral, é respeitada.
"Os alimentos, os medicamentos e outros produtos de ajuda humanitária de urgência são bloqueados de forma reiterada. Milhares de pessoas podem morrer de fome", advertiu nesta segunda-feira o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al-Hussein, durante a abertura da 31ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
"A privação deliberada de alimentos está claramente proibida como arma de guerra. Por extensão, o cerco de localidades também está", declarou o Alto Comissário.
A ONU anunciou que aproveitará a suspensão das hostilidades, em vigor na Síria desde sábado, para reforçar suas operações humanitárias e ajudar nos próximos cinco dias mais de 150.000 pessoas que vivem em localidades cercadas por algum dos grupos em conflito.
Um comboio com material médico e cobertores deveria chegar nesta segunda na cidade de Muadamiyat al-Sham, cercada pelo regime a sul de Damasco, indicou à AFP uma fonte da ONU.
O organismo internacional também espera luz verde das partes para "ajudar 1,7 milhão de pessoas que estão em zonas de difícil acesso", declarou no domingo o coordenador de Assuntos Humanitários da ONU na Síria, Yacub el Hill.
A entrega efetiva de ajuda também criaria um ambiente mais propício para discussões de paz, após as tentativas fracassadas no início do mês.
Neste sentido, o grupo de trabalho (task force) sobre o cessar-fogo na Síria se reunirá nesta segunda à tarde, a fim de avaliar as acusações de violações da trégua, segundo anuncio à AFP o mediador da ONU na Síria, Staffan de Mistura.
"A reunião do task force acontecerá às 15H00" (11H00 de Brasília), declarou de Mistura.
O enviado da ONU espera relançar as negociações de paz em 7 de março, caso o cessar-fogo seja mantido e a entrega de ajuda prossiga.
A Rússia e os Estados Unidos, promotores da trégua, demonstraram prudência quanto ao futuro da trégua, respeitada de forma global, mas marcada por acusações mútuas de violações.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) exigiu nesta segunda-feira, por sua vez, acesso às zonas sitiadas com o objetivo de enviar ajuda médica.
"No entanto, muitas demandas não são aprovadas pelas autoridades sírias", lamentou Elizabeth Hoff, representante da OMS na Síria.
O conflito sírio deixou em cinco anos mais de 270.000 mortos e milhares de deslocados e refugiados.
Trégua difícil Nesta segunda ao amanhecer, os rebeldes dispararam foguetes contra a parte da cidade de Aleppo (norte) controlada pelo regime. Por outro lado, aviões russos bombardearam uma aldeia no sul da província de Hama (centro), onde os rebeldes são maioria, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Segundo o OSDH, sete civis morreram no domingo vítimas dos bombardeios russos em uma cidade na província de Aleppo.
A trégua envolve o regime e os rebeldes "moderados", mas exclui os grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra, o ramo sírio da Al-Qaeda. O cumprimento do cessar-fogo é difícil, uma vez que a al-Nusra é aliada a alguns grupos rebeldes em várias regiões do país.
Nas grandes cidades da Síria, os habitantes saíram às ruas no domingo depois de uma noite tranquila para fazer compras, aproveitando uma calma incomum.
Nos distritos rebeldes de Aleppo, os estudantes, acostumados a andar colados às paredes para evitar os bombardeios, puderam caminhar no meio da rua, observaram os correspondentes da AFP.
"Antes, os nossos professores nos proibiam de sair por causa dos ataques aéreos. Mas hoje saímos", contou à AFP Ranim, uma menina de 10 anos do distrito rebelde de Bustan Al-Qasr.
A calma era total nas proximidades de Damasco, e as ruas da capital estavam muito animadas, constatou a AFP.
O acordo de trégua promovido por Moscou e Washington, apoiado pela ONU, é o primeiro do tipo nos cinco anos de guerra.
bur-ram/avl.
"Os alimentos, os medicamentos e outros produtos de ajuda humanitária de urgência são bloqueados de forma reiterada. Milhares de pessoas podem morrer de fome", advertiu nesta segunda-feira o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al-Hussein, durante a abertura da 31ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
"A privação deliberada de alimentos está claramente proibida como arma de guerra. Por extensão, o cerco de localidades também está", declarou o Alto Comissário.
A ONU anunciou que aproveitará a suspensão das hostilidades, em vigor na Síria desde sábado, para reforçar suas operações humanitárias e ajudar nos próximos cinco dias mais de 150.000 pessoas que vivem em localidades cercadas por algum dos grupos em conflito.
Um comboio com material médico e cobertores deveria chegar nesta segunda na cidade de Muadamiyat al-Sham, cercada pelo regime a sul de Damasco, indicou à AFP uma fonte da ONU.
O organismo internacional também espera luz verde das partes para "ajudar 1,7 milhão de pessoas que estão em zonas de difícil acesso", declarou no domingo o coordenador de Assuntos Humanitários da ONU na Síria, Yacub el Hill.
A entrega efetiva de ajuda também criaria um ambiente mais propício para discussões de paz, após as tentativas fracassadas no início do mês.
Neste sentido, o grupo de trabalho (task force) sobre o cessar-fogo na Síria se reunirá nesta segunda à tarde, a fim de avaliar as acusações de violações da trégua, segundo anuncio à AFP o mediador da ONU na Síria, Staffan de Mistura.
"A reunião do task force acontecerá às 15H00" (11H00 de Brasília), declarou de Mistura.
O enviado da ONU espera relançar as negociações de paz em 7 de março, caso o cessar-fogo seja mantido e a entrega de ajuda prossiga.
A Rússia e os Estados Unidos, promotores da trégua, demonstraram prudência quanto ao futuro da trégua, respeitada de forma global, mas marcada por acusações mútuas de violações.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) exigiu nesta segunda-feira, por sua vez, acesso às zonas sitiadas com o objetivo de enviar ajuda médica.
"No entanto, muitas demandas não são aprovadas pelas autoridades sírias", lamentou Elizabeth Hoff, representante da OMS na Síria.
O conflito sírio deixou em cinco anos mais de 270.000 mortos e milhares de deslocados e refugiados.
Trégua difícil Nesta segunda ao amanhecer, os rebeldes dispararam foguetes contra a parte da cidade de Aleppo (norte) controlada pelo regime. Por outro lado, aviões russos bombardearam uma aldeia no sul da província de Hama (centro), onde os rebeldes são maioria, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Segundo o OSDH, sete civis morreram no domingo vítimas dos bombardeios russos em uma cidade na província de Aleppo.
A trégua envolve o regime e os rebeldes "moderados", mas exclui os grupos jihadistas como o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra, o ramo sírio da Al-Qaeda. O cumprimento do cessar-fogo é difícil, uma vez que a al-Nusra é aliada a alguns grupos rebeldes em várias regiões do país.
Nas grandes cidades da Síria, os habitantes saíram às ruas no domingo depois de uma noite tranquila para fazer compras, aproveitando uma calma incomum.
Nos distritos rebeldes de Aleppo, os estudantes, acostumados a andar colados às paredes para evitar os bombardeios, puderam caminhar no meio da rua, observaram os correspondentes da AFP.
"Antes, os nossos professores nos proibiam de sair por causa dos ataques aéreos. Mas hoje saímos", contou à AFP Ranim, uma menina de 10 anos do distrito rebelde de Bustan Al-Qasr.
A calma era total nas proximidades de Damasco, e as ruas da capital estavam muito animadas, constatou a AFP.
O acordo de trégua promovido por Moscou e Washington, apoiado pela ONU, é o primeiro do tipo nos cinco anos de guerra.
bur-ram/avl.