Partido majoritário birmanês propõe ex-motorista de Suu Kyi como presidente
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Romeo Gacad/AFP
Vendedora exibe camisetas com imagem da líder birmanesa Aung San Suu Kyi, em Yangon (Mianmar)
A majoritária Liga Nacional para a Democracia (LND) de Mianmar propôs nesta quinta-feria (10) ao Parlamento que designe como presidente o ex-motorista de sua líder histórica e Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.
"Quero propor U Htin Kyaw" para a presidência de Mianmar, disse ante a Câmara Baixa o deputado Khin San Hlading.
A prêmio Nobel da Paz Suu Kyi, de 70 anos, não pode se candidatar à presidência devido a um artigo da Constituição herdado da junta militar que exclui do cargo as pessoas que têm filhos estrangeiros. Seus dois filhos têm passaporte britânico.
O candidato à presidência proposto, Htin Kyaw, de 69 anos, trabalhou como motorista para a líder birmanesa durante os períodos nos quais ela não esteve sob prisão domiciliar.
Kiaw, genro de um ex-porta-voz da LND e amigo de Suu Kiy desde os tempos da escola, foi um de seus aliados mais fiéis e atualmente a ajuda a dirigir sua organização beneficente.
"Este é um passo importante para colocar em andamento os desejos e expectativas dos eleitores que, com entusiasmo, apoiaram a LND", expressou Suu Kyi em um comunicado publicado nesta quinta-feira no site de seu grupo, no qual também convocou o povo a apoiar as metas do partido pacificamente.
Os birmaneses, que participaram em massa das eleições há quatro meses, esperam agora a formação do primeiro governo eleito pelo povo em várias gerações em um país arruinado por quase meio século de ditadura militar.
O novo presidente, que sucede Thein Sein, deve assumir o posto no fim de março.
Embora a indicação de Htin Kyaw seja encarada como quase certa, a confirmação pode demorar vários dias, já que antes a Câmara Alta deve nomear seu próprio candidato à presidência, assim como os militares, que controlam um quarto da legislatura atual.
Uma votação conjunta de ambas as câmaras designará o novo presidente, e os outros dois indicados atuarão como vice-presidentes.
O prestígio de Aung San Suu Kyi, filha do general Aung San, herói da independência assassinado em 1947, é imenso neste país pobre de 51 milhões de habitantes.
Desde a auto-dissolução da junta militar e o estabelecimento de um governo semi-civil em 2011, o país se abriu com a libertação de centenas de presos políticos, liberdade de imprensa, abertura econômica... Um mini-revolução que permitiu o levantamento da maioria das sanções internacionais sobre o país.
Hoje, os veículos novos importados circulam no caos das ruas da capital birmanesa, e cada vez mais habitantes entram nas redes sociais, quando a internet ainda era reservada para a elite há dois anos.