Estados Unidos e Rússia concordam sobre acelerar transição política na Síria

Moscou, 24 Mar 2016 (AFP) - Estados Unidos e Rússia acordaram nessa quinta-feira que tentarão influir para que o regime sírio e os rebeldes acelerem as negociações e estabeleçam um diálogo direto para uma transição política destinado a terminar com a guerra civil, após um mês de cessar-fogo.

Depois de quatro horas de reunião no Kremlin entre o secretário de Estado americano John Kerry e o presidente Vladimir Putin, apoiado por seu chanceler Sergei Lavrov, russos e americanos se comprometeram a fazer tudo o que for necessário para aproveitar o fim das hostilidades em curso para avançar na solução política do conflito.

Na coletiva de imprensa conjunta Kerry não informou se conversou com Putin sobre o destino do presidente Bashar al Assad, tema de discórdia entre Rússia e Estados Unidos, mas garantiu que os dois países estão de acordo em que o chefe de Estado sírio "deve fazer o necessário" e se engajar no processo de paz.

Ambos os países ajudarão a promover "negociações diretas" entre o regime sírio e a oposição, que realizaram em Genebra uma rodada infrutífera de negociações indiretas, declarou o chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov.

"Em matéria de tarefas prioritárias, nós concordamos em obter o mais rápido possível o início de negociações diretas entre a delegação governamental e todo o espectro político da oposição", declarou Lavrov.

Estados Unidos e Rússia esperam que surja um projeto de nova Constituição para a Síria antes de agosto, acrescentou Kerry.

"Estamos de acordo sobre o fato de que é preciso um calendário e um projeto de Constituição até agosto", declarou Kerry durante coletiva conjunta com o colega russo, Sergei Lavrov.

Ao fim das discussões em Genebra nesta quinta-feira, o enviado especial da ONU Staffan de Mistura disse que as negociações de paz sobre a Síria deverão ser reiniciadas no dia 9 de abril.

"O objetivo é começar em 9 de abril", declarou de Mistura aos jornalistas.

A delegação governamental pediu para voltar à Suíça depois das eleições parlamentares que o regime organiza em 13 de abril.

Questionado sobre esse pedido, de Mistura disse: "As únicas eleições sobre as quais estou autorizado a comentar... são as eleições que devem ser supervisionadas pelas Nações Unidas", o que significa que os comícios serão realizados depois de se chegar a um acordo de paz.

Antes de sair de Genebra, o chefe negociador do governo sírio Bashar al-Jaafari afirmou que disse a de Mistura que sua delegação não estará disponível para negociações até que haja eleições na Síria.

De Mistura deixou claro que as Nações Unidas não vão considerar eleições organizadas pelo governo do presidente Bashar al-Assad.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas emitiu uma resolução em dezembro do ano passado em que abria caminho para as negociações de Genebra e pediu eleições na Síria 18 meses depois de ser instalado um governo de transição no país.

Ao fim da rodada de negociações indiretas em Genebra, De Mistura apresentou um documento com "12 pontos de convergência" entre os dois campos, entre eles a soberania da Síria e a não intervenção estrangeira, informou uma fonte próxima à delegação do regime.

A rodada de negociações encerrada hoje começou no dia 14 de março.

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