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Fotografia do novo líder dos talibãs provoca especulações

27/05/2016 11h52

Cabul, 27 Mai 2016 (AFP) - A publicação de uma fotografia de uma qualidade incomum do novo líder dos talibãs afegãos levantava muitas perguntas e especulações no Afeganistão nesta sexta-feira, dois dias após sua nomeação.

A fotografia do mulá Habatullah Akhundzada, muito nítida e com fundo claro, circulou nas redes sociais de maneira oficiosa rapidamente depois de sua nomeação na quarta-feira, diante da surpresa dos observadores, pouco acostumados a tanta transparência.

Fontes dos talibãs confirmaram posteriormente que se tratava do mulá Habatullah.

Seu antecessor, o mulá Akhtar Mansur, era conhecido apenas por uma fotografia de qualidade muito ruim. Já o fundador dos talibãs, o mulá Omar, estava cercado de ainda mais mistério e as únicas imagens conhecidas dele eram escassas e imprecisas.

A publicação do retrato do mulá Habatullah, na qual aparece muito reconhecível, estranhou sobretudo porque o mulá Mansur morreu em um ataque de drone americano, o que requer uma identificação precisa. Ideal para convertê-lo no próximo alvo, ironizaram alguns internautas.

Um integrante da comissão de meios de comunicação dos talibãs relativizou, no entanto, a semelhança, ao ressaltar que a foto foi tirada há mais de 12 anos, quando Habatullah fez uma peregrinação a Meca.

"Akhundzada agora é um idoso com uma barba branca, mas não poemos publicar nenhuma foto mais recente por motivos de segurança", disse à AFP.

O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse que o movimento não teve a intenção de publicar a foto, mas se viu obrigado a confirmar sua autenticidade quando ela já circulava.

"Não sabemos quem" publicou a foto, disse à AFP.

Um especialista paquistanês dos talibãs, Rahimullah Yousafzai, ressaltou que o novo chefe era provavelmente pouco propenso a esta publicidade.

"O novo chefe dos talibãs é um erudito do Islã e não apreciará ver sua foto publicada nos meios de comunicação", disse. "Mas agora que já está publicada, não pode ser retirada".

A qualidade da foto leva alguns a pensar que os serviços de inteligência de um país não identificado podem ter orquestrado sua publicação.

"Esta foto nítida (...) parece algo que poderia emanar dos arquivos de uma agência de segurança", estimou um responsável ocidental interrogado pela AFP em Cabul.

Quando os talibãs governaram o Afeganistão, de 1996 a 2001, quase todos os produtos eletrônicos estavam proibidos e eram considerados anti-islâmicos.

As fotos de seres vivos também eram proibidas.

Mas os talibãs entraram agora na era das comunicações eletrônicas e utilizam ativamente as redes sociais com fins de recrutamento e propaganda.

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