Multiplicação de grupos rebeldes complica paz no sul da Nigéria
Warri, Nigéria, 28 Ago 2016 (AFP) - Apesar de o grupo rebelde Vingadores do Delta do Níger (NDA, sigla em inglês) ter aceito negociar com o governo de Abuja, a paz no sul petroleiro da Nigéria ainda parece distante, dada a existência de vários outros grupos armados, que se negam a dialogar.
Os ataques dos NDA, sofisticados e estratégicos, eram os mais importantes e midiáticos, mas estes rebeldes não são os únicos atuantes no terreno: Reformados de Egbesu, Forças Unidas de Libertação do Delta do Niger, Militantes da Revolução do Delta... e a lista continua.
Segundo as forças de segurança mobilizadas na região, os NDA teriam sido responsáveis apenas por metade dos ataques a instalações petroleiras dos últimos meses.
"Cinquenta por cento das sabotagens estão diretamente ligadas aos chamados Vingadores do Delta. Mas comprovamos que, nos últimos três meses, surgiram outros grupos, que também são responsáveis por ataques", explicou à AFP um oficial, na capital petroleira de Warri.
"Nos últimos três meses, os NDA reivindicaram a autoria de seis ataques, mas registramos 16 atribuídos a militantes nos estados de Bayelsa e do Delta", confirmou uma autoridade da segurança nacional em Warri.
Na semana passada, o ministro do Petróleo anunciou que, desde janeiro, 1,6 mil oleodutos sofreram sabotagens. Na maioria dos casos, os responsáveis foram habitantes da região, sem a reivindicação de nenhum grupo armado.
Estes ataques são responsáveis pela queda de 21% da produção de petróleo desde o começo do ano, segundo cifras divulgadas pela Opep em julho, em um Estado cujos 70% da receita provêm do ouro negro. Desta forma, a Nigéria perdeu o posto de maior exportador de cru do continente africano, superada pela Angola.
- 'Simulação' de trégua -"Existem agora muito mais grupos para sentar à mesa e discutir a paz", assinalou o ministro Emmanuel Ibe Kachikwu. Até o momento, a maioria rejeita negociar com o governo nigeriano.
"Esta simulação de cessar-fogo nada mais é do que uma forma de tirar dinheiro que esses meninos dos Vingadores dividirão", reagiu na última segunda-feira o porta-voz de outro grupo, Militantes por um Mandato de Justiça sobre as Terras Verdes do Delta do Níger (NDGJM).
"Os NDGJM continuarão sua campanha contra os interesses petroleiros da Nigéria até que o governo federal atue pelo bem do nosso povo", insistiu Aldo Agbalaja.
Cada grupo depende de uma comunidade, etnia ou região específica do Delta, mas todos reclamam uma distribuição melhor do maná do petróleo e uma atribuição mais justa das concessões.
"Os problemas fundamentais de posse dos recursos e de sua gestão nunca foram solucionados", explicou Eric Omare, representante do grupo comunitário Conselho de Jovens Ijaw.
Em 2009, o governo colocou em prática um programa de anistia com os rebeldes do Movimento para a Emancipação do Delta do Níger (MEND), a rebelião histórica da região.
Em troca de depor as armas, os rebeldes passaram a receber um vencimento mensal e a se beneficiar de formação e emprego.
Mas o presidente Muhammadu Buhari, muçulmano do norte, anunciou no ano passado, meses depois de chegar ao poder, que encerraria o programa criado por seu antecessor, Goodluck Jonathan, cristão do sul, por falta de verba.
Diante da retomada dos ataques, voltou atrás, mas, com a proliferação de grupos armados, torna-se cada vez mais difícil encontrar uma solução permanente para a crise.
Negociar com os Vingadores poderia ser, inclusive, contraproducente, apontou Dolapo Oni, analista financeiro do Ecobank.
"Se o governo lhes oferecer dinheiro, como fez o Executivo anterior com o MEND, poderá aumentar a instabilidade", explicou, prevendo o surgimento de novos conflitos entre os diferentes grupos. "As sabotagens poderiam continuar, por vingança."
str-sf/spb/mda/jlb/jhd/aoc/meb/lb
Os ataques dos NDA, sofisticados e estratégicos, eram os mais importantes e midiáticos, mas estes rebeldes não são os únicos atuantes no terreno: Reformados de Egbesu, Forças Unidas de Libertação do Delta do Niger, Militantes da Revolução do Delta... e a lista continua.
Segundo as forças de segurança mobilizadas na região, os NDA teriam sido responsáveis apenas por metade dos ataques a instalações petroleiras dos últimos meses.
"Cinquenta por cento das sabotagens estão diretamente ligadas aos chamados Vingadores do Delta. Mas comprovamos que, nos últimos três meses, surgiram outros grupos, que também são responsáveis por ataques", explicou à AFP um oficial, na capital petroleira de Warri.
"Nos últimos três meses, os NDA reivindicaram a autoria de seis ataques, mas registramos 16 atribuídos a militantes nos estados de Bayelsa e do Delta", confirmou uma autoridade da segurança nacional em Warri.
Na semana passada, o ministro do Petróleo anunciou que, desde janeiro, 1,6 mil oleodutos sofreram sabotagens. Na maioria dos casos, os responsáveis foram habitantes da região, sem a reivindicação de nenhum grupo armado.
Estes ataques são responsáveis pela queda de 21% da produção de petróleo desde o começo do ano, segundo cifras divulgadas pela Opep em julho, em um Estado cujos 70% da receita provêm do ouro negro. Desta forma, a Nigéria perdeu o posto de maior exportador de cru do continente africano, superada pela Angola.
- 'Simulação' de trégua -"Existem agora muito mais grupos para sentar à mesa e discutir a paz", assinalou o ministro Emmanuel Ibe Kachikwu. Até o momento, a maioria rejeita negociar com o governo nigeriano.
"Esta simulação de cessar-fogo nada mais é do que uma forma de tirar dinheiro que esses meninos dos Vingadores dividirão", reagiu na última segunda-feira o porta-voz de outro grupo, Militantes por um Mandato de Justiça sobre as Terras Verdes do Delta do Níger (NDGJM).
"Os NDGJM continuarão sua campanha contra os interesses petroleiros da Nigéria até que o governo federal atue pelo bem do nosso povo", insistiu Aldo Agbalaja.
Cada grupo depende de uma comunidade, etnia ou região específica do Delta, mas todos reclamam uma distribuição melhor do maná do petróleo e uma atribuição mais justa das concessões.
"Os problemas fundamentais de posse dos recursos e de sua gestão nunca foram solucionados", explicou Eric Omare, representante do grupo comunitário Conselho de Jovens Ijaw.
Em 2009, o governo colocou em prática um programa de anistia com os rebeldes do Movimento para a Emancipação do Delta do Níger (MEND), a rebelião histórica da região.
Em troca de depor as armas, os rebeldes passaram a receber um vencimento mensal e a se beneficiar de formação e emprego.
Mas o presidente Muhammadu Buhari, muçulmano do norte, anunciou no ano passado, meses depois de chegar ao poder, que encerraria o programa criado por seu antecessor, Goodluck Jonathan, cristão do sul, por falta de verba.
Diante da retomada dos ataques, voltou atrás, mas, com a proliferação de grupos armados, torna-se cada vez mais difícil encontrar uma solução permanente para a crise.
Negociar com os Vingadores poderia ser, inclusive, contraproducente, apontou Dolapo Oni, analista financeiro do Ecobank.
"Se o governo lhes oferecer dinheiro, como fez o Executivo anterior com o MEND, poderá aumentar a instabilidade", explicou, prevendo o surgimento de novos conflitos entre os diferentes grupos. "As sabotagens poderiam continuar, por vingança."
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