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Quase quatro anos diálogo em Cuba para silenciar os fuzis das Farc

26/09/2016 09h31

Bogotá, 26 Set 2016 (AFP) - Um árduo diálogo de três anos e nove meses foi necessário para levar a Colômbia à paz com a guerrilha das Farc após mais de meio século de confrontos com o Estado.

Destacam-se cinco itens sobre as negociações entre o governo de Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas), lideradas por Rodrigo Londoño, mais conhecido por seu nome de guerra Timoleón Jiménez, "Timochenko":

- A sede:

A mesa de negociação se instalou em Havana em 19 de novembro de 2012, um mês após as partes iniciarem sua primeira rodada de diálogo em Oslo. Cuba e Noruega foram os fiadores do processo, enquanto Venezuela e Chile serviram de acompanhantes.

- As equipes:

O ex-vice-presidente colombiano Humberto de la Calle, um advogado de 70 anos, e o chefe guerrilheiro Iván Márquez, cujo nome verdadeiro é Luciano Marín, um ex-congressista comunista de 61 anos, lideram as delegações do governo e das Farc, respectivamente.

- Os acordos parciais:

Em uma discussão pautada pelo slogan "nada está acordado até que tudo esteja acordado" e guiada por um mapa do caminho de seis pontos, as partes alcançaram acordos parciais em desenvolvimento agrário (26/05/2013), participação política dos guerrilheiros (06/11/2013), solução ao problema das drogas ilícitas (16/05/2014), justiça transicional (23/09/2015, para o qual Santos e "Timochenko" se encontraram pela primeira vez em Cuba), reparação de vítimas (15/12/2015), cessar fogo, desarmamento e referendamento (24/06/2016).

Além disso, as negociações foram impulsionadas pelo testemunho de vítimas em Havana (a partir de 15/08/2014), acordos sobre desminagem (07/03/2015), criação da comissão da verdade (04/06/2015), desescalada dos confrontos (12/07/2015), busca de desaparecidos (17/10/2015) e fim do recrutamento infantil (10/02/2016).

- Os desafios em terra:

A negociação em Cuba não representou o fim do confronto em terra, uma condição imposta por Santos. No entanto, como sinal de seu compromisso com os diálogos, as Farc realizaram vários cessar-fogos unilaterais: de 20 de dezembro de 2014 a 23 de maio e de 20 de julho até a data. O governo respondeu suspendendo os bombardeios a acampamentos. Antes, a guerrilha também havia decretado suspensões unilaterais em temporadas de Natal e nas eleições gerais de 2014.

- Ameaças ao processo:

A guerrilha suspendeu as negociações por alguns dias, em agosto de 2013, depois que o governo propôs referendar o tratado de paz definitivo com um referendo, e não com uma Assembleia Constituinte, como queriam os insurgentes.

Um escândalo de espionagem por parte da inteligência militar aos negociadores de paz abalou os diálogos em fevereiro de 2014.

O governo suspendeu temporariamente as negociações, entre novembro e dezembro de 2014, pelo sequestro de um general do Exército pelas Farc.