Topo

Papa Francisco viaja para Cáucaso como peregrino da paz

30/09/2016 14h17

Tbilisi, 30 Set 2016 (AFP) - O papa Francisco chegou nesta sexta-feira a Tbilisi, capital da Geórgia, durante a primeira etapa de uma curta viagem a Cáucaso, seguindo até o Azerbaijão, para promover o diálogo e a reconciliação nessa região marcada por divisões.

Francisco chegou à tarde em Tbilisi, onde foi recebido pelo presidente Guiorgui Margvelachvili e pelo patriarca ortodoxo da Geórgia, Elias II.

Um grupo de católicos, reunido no aeroporto, saudou com gritos de "Viva Francisco!" e "Papa, seja bem-vindo". Já na saída do aeroporto, algumas dezenas de manifestantes, com bandeiras contra o pontífice, expressaram sua hostilidade diante da chegada do chefe da Igreja Católica à terra ortodoxa.

Trata-se da 16ª viagem que Francisco realiza ao exterior, com uma primeira etapa de um dia e meio na Geórgia, de onde sairá no domingo rumo ao Azerbaijão.

A nova peregrinação do papa argentino para essa região entre a Europa e a Ásia "é claramente uma viagem de paz, para levar uma mensagem de reconciliação para toda a região", explicou o porta-voz do Vaticano, o jornalista americano Greg Burke, à imprensa.

O papa escolheu como lema de sua viagem "Pax vobis" (A paz esteja com você), como um chamado à pacificação do mundo e em particular dessa região.

Nesses dois países há poucos católicos, mas enquanto na Geórgia a maioria da população é cristã, com 54% de ortodoxos, no Azerbaijão a maioria é muçulmana, com 63% xiitas e 33% sunitas, segundo números do Vaticano.

Na Geórgia, um dos países cristãos mais antigos do mundo, o tema do ecumenismo, da união entre eles - e que é tão importante para Francisco - é o ponto-chave desta viagem.

Valorizar as raízes cristãs"Acolhi o convite de visitar esses países por dois motivos: o primeiro, para valorizar as antigas raízes cristãs presentes nestas terras, sempre com o espírito de diálogo com as outras culturas e religiões, e o segundo, para apoiar as esperanças e sentimentos de paz", explicou Francisco há três meses.

No domingo 2 de outubro, depois da cerimônia de despedida no aeroporto internacional de Tbilisi, o papa Francisco irá para Baku, capital do Azerbaijão.

Lá, almoçará com a comunidade salesiana e se reunirá no palácio presidencial com o mandatário Ilham Aliyev.

O pontífice visitará a pequena comunidade católica do Azerbaijão, de 570 pessoas, com sete sacerdotes, em uma população de nove milhões.

Logo depois se reunirá em particular em uma mesquita com o líder dos muçulmanos de Cáucaso, o sheik Hadji Allahchukur Pachazadeh.

Também encontrará o bispo ortodoxo de Baku e o presidente da comunidade judaica.

A história de Cáucaso é marcada por divisões, reivindicações e confrontos entre potências.

O recente ressurgimento do conflito entre a Armênia - país que Francisco visitou há três meses - e Azerbaijão por Nagorno-Karabakh preocupa a comunidade internacional, apesar de em maio terem se comprometido a respeitar o cessar-fogo após os confrontos de abril.

Nagorno-Karabakh é povoado por uma maioria de armênios cristãos.

Trata-se dos piores confrontos desde o primeiro cessar-fogo concluído em 1994, depois de uma guerra que deixou 30.000 mortos e milhares de refugiados, principalmente azeris.

"Ninguém quer que esse conflito continue. Temos que perdoar, ser misericordiosos e querer o bem do próximo. Esperamos que a visita do papa transmita essa ideia", declarou à televisão católica Rome Reports o sacerdote salesiano Stefan Kormancik, que viveu vários anos no Azerbaijão.

Francisco desejava incluir o Azerbaijão entre as etapas de sua viagem em junho para a Armênia, mas tanto a igreja local como o governo recusaram essa ideia.

O pontífice fará dez discursos e será acompanhado, entre outros, pelo secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, e pelo cardeal argentino Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.

kv/jmr-me/eg/cb