Recorde de chegadas de migrantes provoca resistência na Itália
Roma, 28 Out 2016 (AFP) - Com mais de 27.000 pessoas, outubro está prestes a bater todos os recordes de chegadas de migrantes nos últimos anos na Itália, onde o crescimento exponencial da rede de acolhimento também tem provocado resistência entre as populações locais.
Este aumento mostra a capacidade de organização das redes de traficantes na Líbia, mas também a preocupação de que os acordos em negociação entre a UE e Tripoli coloquem em breve um freio nas partidas.
De acordo com estatísticas do Ministério do Interior divulgadas na quinta-feira, 26.161 migrantes, quase todos da África Ocidental e do Chifre da África, desembarcaram na Itália, aos quais se somam os migrantes que ainda estão no mar, incluindo mil resgatados na quinta-feira.
As chegadas excederam 25.000 em um mês apenas apenas uma vez antes deste outubro. O número recorde desta vez, eleva a 159.000 as chegadas desde o início do ano, superando o total de 153.000 em 2015 e se aproximando do recorde de 170.000 em 2014.
"Há, necessariamente, uma melhor organização dos traficantes, que mostraram que são capazes de atravessar até 11.000 pessoas em dois dias", explica à AFP Flavio di Giacomo, porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
"Mas o que os migrantes nos relatam é que os traficantes também têm medo de que a rota seja fechada em poucos meses", especialmente com o programa europeu lançado esta semana para treinar a guarda costeira líbia.
"E se há uma coisa que os migrantes não querem é serem salvos pela guarda costeira da Líbia, que os levariam para centros de detenção mergulhando-os no ciclo de abuso e violência", acrescenta ele, citando testemunhos de migrantes torturados, violados, esfomeados e mortos na Líbia.
BarricadasPara a Itália, é um desafio ainda mais difícil que o fechamento das fronteiras.
Os centros para os requerentes de asilo - agora esmagadoramente hotéis readaptados - abrigavam 66.000 pessoas no final de 2014 e 103.000 no final de 2015. O total agora é de 171.000, e os prefeitos estão lutando para encontrar novos lugares.
Apesar da vontade do governo de alocar os migrantes em todo o país com o objetivo de uma média de 3 migrantes por 1.000 habitantes, muitos prefeitos estão resistindo, bem como parte dos moradores locais.
Na segunda-feira, os habitantes de Gorino, localidade de 700 habitantes no Delta do Pó, ergueram barricadas para impedir a chegada de 12 mulheres migrantes em um hotel-bar requisitado pelo prefeito.
"Este não é o rosto da Itália", reagiu o ministro do Interior Angelino Alfano, que autorizou o prefeito a distribuir as mulheres em outros municípios.
Mas o partido de extrema-direita Liga do Norte saudou "os novos heróis da resistência contra a ditadura da hospitalidade".
E durante uma manifestação na quinta à noite em frente a uma caserna de Milão, que deverá em breve acolher 300 migrantes, o líder deste partido, Matteo Salvini, exortou as forças de segurança a se rebelar.
"Tantos homens e mulheres da polícia, dos Carabinieri, da marinha me dizem todos os dias que estão cansados de trazer para casa aqueles que vão precisar vigiar em seguida. Aguardo o dia quando estes homens e mulheres de uniforme vão nos dar a mão", afirmou.
Este aumento mostra a capacidade de organização das redes de traficantes na Líbia, mas também a preocupação de que os acordos em negociação entre a UE e Tripoli coloquem em breve um freio nas partidas.
De acordo com estatísticas do Ministério do Interior divulgadas na quinta-feira, 26.161 migrantes, quase todos da África Ocidental e do Chifre da África, desembarcaram na Itália, aos quais se somam os migrantes que ainda estão no mar, incluindo mil resgatados na quinta-feira.
As chegadas excederam 25.000 em um mês apenas apenas uma vez antes deste outubro. O número recorde desta vez, eleva a 159.000 as chegadas desde o início do ano, superando o total de 153.000 em 2015 e se aproximando do recorde de 170.000 em 2014.
"Há, necessariamente, uma melhor organização dos traficantes, que mostraram que são capazes de atravessar até 11.000 pessoas em dois dias", explica à AFP Flavio di Giacomo, porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
"Mas o que os migrantes nos relatam é que os traficantes também têm medo de que a rota seja fechada em poucos meses", especialmente com o programa europeu lançado esta semana para treinar a guarda costeira líbia.
"E se há uma coisa que os migrantes não querem é serem salvos pela guarda costeira da Líbia, que os levariam para centros de detenção mergulhando-os no ciclo de abuso e violência", acrescenta ele, citando testemunhos de migrantes torturados, violados, esfomeados e mortos na Líbia.
BarricadasPara a Itália, é um desafio ainda mais difícil que o fechamento das fronteiras.
Os centros para os requerentes de asilo - agora esmagadoramente hotéis readaptados - abrigavam 66.000 pessoas no final de 2014 e 103.000 no final de 2015. O total agora é de 171.000, e os prefeitos estão lutando para encontrar novos lugares.
Apesar da vontade do governo de alocar os migrantes em todo o país com o objetivo de uma média de 3 migrantes por 1.000 habitantes, muitos prefeitos estão resistindo, bem como parte dos moradores locais.
Na segunda-feira, os habitantes de Gorino, localidade de 700 habitantes no Delta do Pó, ergueram barricadas para impedir a chegada de 12 mulheres migrantes em um hotel-bar requisitado pelo prefeito.
"Este não é o rosto da Itália", reagiu o ministro do Interior Angelino Alfano, que autorizou o prefeito a distribuir as mulheres em outros municípios.
Mas o partido de extrema-direita Liga do Norte saudou "os novos heróis da resistência contra a ditadura da hospitalidade".
E durante uma manifestação na quinta à noite em frente a uma caserna de Milão, que deverá em breve acolher 300 migrantes, o líder deste partido, Matteo Salvini, exortou as forças de segurança a se rebelar.
"Tantos homens e mulheres da polícia, dos Carabinieri, da marinha me dizem todos os dias que estão cansados de trazer para casa aqueles que vão precisar vigiar em seguida. Aguardo o dia quando estes homens e mulheres de uniforme vão nos dar a mão", afirmou.
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