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Trump congela programa de acolhida de refugiados para evitar "islâmicos radicais"

28/01/2017 07h42

Washington, 28 Jan 2017 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu na sexta-feira o programa de admissão de refugiados, um dos mais ambiciosos do mundo para a recepção de vítimas de conflitos, e anunciou novos obstáculos para viajantes procedentes de sete países muçulmanos.

O objetivo das medidas seria evitar a entrada de "terroristas islâmicos radicais".

Para cumprir outra promessa eleitoral, Trump afirmou que o país "não admitirá as mesmas ameaças que nossos soldados enfrentam em outras partes do mundo". Por isto, anunciou um mecanismo de "controle extremo" para "manter os terroristas islâmicos radicais fora dos Estados Unidos".

"Isto é bom", afirmou durante a posse de James Mattis como secretário de Defesa no Pentágono. Os Estados Unidos receberão apenas "quem apoia nosso país e quem ama nosso povo".

Criado por uma lei de 1980, o programa federal de reinstalação de refugiados permitiu acolher cerca de 2,5 milhões de pessoas, segundo o instituto de pesquisas Pew.

Uma semana após chegar à Casa Branca, Trump assinou o decreto "Proteger a Nação da entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos".

A medidas suspende totalmente o programa americano de recepção de refugiados durante pelo menos 120 dias, enquanto é definido o futuro sistema de verificação de vistos.

Os novos protocolos devem "garantir que os aprovados como refugiados não representarão uma ameaça à segurança ou bem-estar dos Estados Unidos".

O decreto também proíbe de maneira específica a entrada de refugiados sírios por tempo indeterminado ou até que o presidente decida que não representam um perigo para o país.

Além disso, a medida determina o congelamento, por três meses, da entrada no país de pessoas provenientes de sete países muçulmanos: Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.

Apenas no ano fiscal de 2016 (1º de outubro a 30 de setembro), os Estados Unidos do presidente Barack Obama receberam 84.994 refugiados, sendo mais de 10 mil sírios.

Desde início do conflito na Síria, em 2011, os Estados Unidos receberam 18 mil refugiados daquele país.

No ano fiscal de 2017, Trump pretende receber menos da metade dos refugiados acolhidos em 2016.

A administração Obama, que em setembro de 2015 admitiu que poderia "fazer mais" sobre o tema, havia fixado o objetivo de acolher 110 mil refugiados em 2017.

Desde a posse de Trump, no dia 20 de janeiro, 2.089 refugiados já foram reinstalados nos Estados Unidos, enquanto a Casa Branca preparava o decreto firmado nesta sexta-feira.

A administração Obama se vangloriava de possuir um dos sistemas de admissão e seleção de refugiados mais rigorosos do planeta, que impedia que um "terrorista" passasse pelos controles estabelecidos.

O processo de admissão de um refugiado podia durar entre 18 e 24 meses, uma lentidão que provocava fortes críticas das organizações humanitárias.

O programa foi congelado por três meses após os atentados de 11 de setembro de 2001, recordou o instituto Pew.

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