Novas negociações sobre a Síria começam na quinta-feira sem ilusões
Paris, 21 Fev 2017 (AFP) - Uma nova rodada de negociações para acabar com a guerra na Síria começa na quinta-feira em Genebra, com poucas esperanças de avanços concretos, diante da continuação da violência, das enormes divergências entre os beligerantes e da incerteza sobre as intenções dos Estados Unidos.
Trata-se das primeiras discussões desde as últimas tentativas de resolver o conflito, entre janeiro e abril de 2016 em Genebra, que terminaram em fracasso.
Enquanto isso, os horrores se multiplicam no campo de batalha. E, como nas vezes anteriores, as negociações coincidem com um aumento da violência. Nos últimos dias, as forças do governo bombardearam posições rebeldes perto de Damasco e na província de Homs (centro).
A oposição denuncia uma "mensagem sangrenta", que visa sabotar as negociações.
As novas negociações se iniciam num contexto radicalmente diferente em relação a abril de 2016: o regime, apoiado por seus aliados russo e iraniano, assumiu o controle de Aleppo, reduto emblemático da insurgência no norte do país. Os rebeldes não controlam mais do que 13% do território, segundo estimativas.
A Turquia, que apoia a oposição, tornou-se um ator importante no conflito, atuando no norte da Síria. Ancara também se aproximou de Moscou, aliado incondicional do regime, e patrocina com ele e com o Irã, desde o final de dezembro, um cessar-fogo.
Assad e seu futuro"Eu não tenho ilusões", admitiu o enviado da ONU, Staffan de Mistura, durante um debate sobre a Síria organizado no domingo à margem da Conferência de Segurança de Munique.
Mas "é hora de tentar de novo", insistiu o diplomata italiano-sueco.
Desta vez, de acordo com fontes diplomáticas próximas às negociações, a ONU quer colocar os dois lados frente a frente.
A delegação do regime será liderada, como nas ocasiões anteriores, pelo embaixador sírio nas Nações Unidas, Bashar Jaafari. A oposição será conduzida pelo advogado Mohammad Sabra, próximo da Turquia.
Grupos de trabalho deverão ser criados para discutir três temas previstos pela resolução da ONU: governança, futura Constituição, eleições futuras.
Assuntos que jamais puderam ser abordados em profundidade, como a questão da "transição política", grande ponto de desacordo entre as partes em conflito.
"Vamos a Genebra para discutir uma solução política", declarou Anas al-Abdeh, chefe da Coalizão Nacional Síria, durante o fórum de Munique. Mas, segundo ele, "Assad deve partir", porque nenhum problema será resolvido "enquanto ele permanecer no poder".
Por sua vez, o presidente sírio reiterou recentemente a sua visão: todos os grupos da oposição são "terroristas", ele conta com o "apoio popular" para recuperar "cada polegada do território sírio" e apenas as urnas podem decidir seu destino.
À espera de TrumpDado o enorme fosso entre as partes, os olhares estão voltados para as potências regionais e internacionais, que devem decidir de fato o resultado do conflito.
A aproximação entre Moscou e Ancara, a partir deste ponto de vista, "mudou o jogo", segundo De Mistura, que acredita que é preciso "apoiar a realpolitik, quando ela vai na direção certa".
"A Rússia tem interesse em sair deste conflito sem fim, enquanto o Irã apoia cegamente Bashar al-Assad", estima, por sua vez, uma fonte diplomática francesa.
Mas a grande incógnita continua sendo a posição dos Estados Unidos sobre a questão.
O novo presidente americano, Donald Trump, que pediu ao Pentágono novos projetos para lutar contra os extremistas do Estado Islâmico (EI) até o final de fevereiro, não apresentou até agora sinais sobre o envolvimento do seu país nos esforços diplomáticos para resolver um conflito que já deixou mais de 310.000 mortos e milhões de refugiados.
"Vamos ser muito egoístas sobre a proteção e promoção dos nossos interesses", advertiu simplesmente o enviado especial dos Estados Unidos para a coalizão antijihadista, Brett Mc Gurk, lembrando que a prioridade número 1 de Washington é "destruir o Daesh" (acrônimo árabe para EI).
"Que Deus ajude os sírios se tiverem de esperar por Donald Trump para uma solução!", exclamou o chefe da ONG Human Rights Watch, Kenneth Roth.
Trata-se das primeiras discussões desde as últimas tentativas de resolver o conflito, entre janeiro e abril de 2016 em Genebra, que terminaram em fracasso.
Enquanto isso, os horrores se multiplicam no campo de batalha. E, como nas vezes anteriores, as negociações coincidem com um aumento da violência. Nos últimos dias, as forças do governo bombardearam posições rebeldes perto de Damasco e na província de Homs (centro).
A oposição denuncia uma "mensagem sangrenta", que visa sabotar as negociações.
As novas negociações se iniciam num contexto radicalmente diferente em relação a abril de 2016: o regime, apoiado por seus aliados russo e iraniano, assumiu o controle de Aleppo, reduto emblemático da insurgência no norte do país. Os rebeldes não controlam mais do que 13% do território, segundo estimativas.
A Turquia, que apoia a oposição, tornou-se um ator importante no conflito, atuando no norte da Síria. Ancara também se aproximou de Moscou, aliado incondicional do regime, e patrocina com ele e com o Irã, desde o final de dezembro, um cessar-fogo.
Assad e seu futuro"Eu não tenho ilusões", admitiu o enviado da ONU, Staffan de Mistura, durante um debate sobre a Síria organizado no domingo à margem da Conferência de Segurança de Munique.
Mas "é hora de tentar de novo", insistiu o diplomata italiano-sueco.
Desta vez, de acordo com fontes diplomáticas próximas às negociações, a ONU quer colocar os dois lados frente a frente.
A delegação do regime será liderada, como nas ocasiões anteriores, pelo embaixador sírio nas Nações Unidas, Bashar Jaafari. A oposição será conduzida pelo advogado Mohammad Sabra, próximo da Turquia.
Grupos de trabalho deverão ser criados para discutir três temas previstos pela resolução da ONU: governança, futura Constituição, eleições futuras.
Assuntos que jamais puderam ser abordados em profundidade, como a questão da "transição política", grande ponto de desacordo entre as partes em conflito.
"Vamos a Genebra para discutir uma solução política", declarou Anas al-Abdeh, chefe da Coalizão Nacional Síria, durante o fórum de Munique. Mas, segundo ele, "Assad deve partir", porque nenhum problema será resolvido "enquanto ele permanecer no poder".
Por sua vez, o presidente sírio reiterou recentemente a sua visão: todos os grupos da oposição são "terroristas", ele conta com o "apoio popular" para recuperar "cada polegada do território sírio" e apenas as urnas podem decidir seu destino.
À espera de TrumpDado o enorme fosso entre as partes, os olhares estão voltados para as potências regionais e internacionais, que devem decidir de fato o resultado do conflito.
A aproximação entre Moscou e Ancara, a partir deste ponto de vista, "mudou o jogo", segundo De Mistura, que acredita que é preciso "apoiar a realpolitik, quando ela vai na direção certa".
"A Rússia tem interesse em sair deste conflito sem fim, enquanto o Irã apoia cegamente Bashar al-Assad", estima, por sua vez, uma fonte diplomática francesa.
Mas a grande incógnita continua sendo a posição dos Estados Unidos sobre a questão.
O novo presidente americano, Donald Trump, que pediu ao Pentágono novos projetos para lutar contra os extremistas do Estado Islâmico (EI) até o final de fevereiro, não apresentou até agora sinais sobre o envolvimento do seu país nos esforços diplomáticos para resolver um conflito que já deixou mais de 310.000 mortos e milhões de refugiados.
"Vamos ser muito egoístas sobre a proteção e promoção dos nossos interesses", advertiu simplesmente o enviado especial dos Estados Unidos para a coalizão antijihadista, Brett Mc Gurk, lembrando que a prioridade número 1 de Washington é "destruir o Daesh" (acrônimo árabe para EI).
"Que Deus ajude os sírios se tiverem de esperar por Donald Trump para uma solução!", exclamou o chefe da ONG Human Rights Watch, Kenneth Roth.
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