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Presidente francês reafirma a responsabilidade da França no "Vel' d'Hiv"

16/07/2017 09h18

Paris, 16 Jul 2017 (AFP) - O presidente Emmanuel Macron reafirmou neste domingo (16), ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, a responsabilidade da França na chamada "rafle du Vel' d'Hiv'" (ataque ao velódromo de inverno), que levou à deportação de judeus sob as ordens do governo colaboracionista francês em julho de 1942.

Esta é a primeira vez que um premiê israelense participa da cerimônia que relembra um dos episódios mais obscuros da história francesa.

Em francês, Netanyahu agradeceu o convite de Macron como um "gesto muito, muito forte", que "testemunha a amizade antiga e profunda entre a França e Israel".

Por sua vez, Macron ressaltou sua intenção de "perpetuar o gesto feito em 1995 por Jacques Chirac", primeiro presidente a reconhecer a responsabilidade da França neste evento.

O presidente afirmou que "foi a França que organizou a rafle" e que o regime de Vichy, "apesar de não representar todos os franceses, era o governo da França" naquele momento.

Nos dias 16 e 17 de julho de 1942, 13.152 judeus foram detidos em Paris e seus subúrbios por 9.000 policiais e gendarmes franceses destacados para a operação. Detidos em condições desumanas durante quatro dias, foram colocados no Velódromo de inverno (demolido em 1959), antes de serem levados aos campos de Loiret. Lá, 3.000 crianças foram brutalmente separadas de seus pais, deportados para Auschwitz.

Menos de 100 pessoas - e nenhuma criança - sobreviveram.

Emmanuel Macron recordou na cerimônia a importância do combate ao antissemitismo e afirmou: "não vamos ceder ao antissionismo", que é a forma "de reinventar o antissemitismo".

A vinda do chefe de governo israelense provocou críticas, com alguns denunciando uma "instrumentalização dos judeus franceses".

- 'Animal político' -Após a cerimônia do Vel d'Hiv', os dois líderes vão se reunir no Palácio do Eliseu para discutir em particular o conflito na Síria, o Irã e o conflito israelense-palestino.

Em nota à imprensa, o Eliseu estimou no sábado que o encontro entre os dois líderes permitirá reafirmar a vontade da França em termos de segurança e servirá para expressar sua "preocupação" sobre o "questionamento da solução de dois Estados", israelense e palestino.

Emmanuel Macron, que recentemente recebeu o presidente palestino Mahmud Abbas, reiterou seu apoio à solução de dois Estados e condenou a construção de assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados.

As negociações entre israelenses e palestinos estão paradas desde o fracasso da mediação dos Estados Unidos na primavera de 2014. E a ameaça de uma conflagração do conflito paira permanentemente.

"Netanyahu é um animal político e quer garantir que a França não vai intervir ainda mais", analisa Jean-Paul Chagnollaud, especialista na questão palestina, que recorda que Nicolas Sarkozy e François Hollande "esperavam manter boas relações com Netanyahu e rapidamente se desiludiram".

Outro ponto sensível, o Irã, inimigo de Israel na região, que efetuou em junho o seu primeiro tiro de míssil em território estrangeiro contra alvos do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

cf-sac/mat/elr/mdr/mr