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Venezuela mobiliza tropas ante ameaças de Trump

26.ago.2017 - O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino Lopez, participa de treinamento militar em Caracas - Miraflores Palace/Handout/Reuters
26.ago.2017 - O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino Lopez, participa de treinamento militar em Caracas Imagem: Miraflores Palace/Handout/Reuters

Em Caracas

26/08/2017 09h27

Aviões, tanques e milhares de soldados e civis armados foram mobilizados neste sábado na Venezuela em exercícios militares ordenados pelo presidente Nicolás Maduro ante "a ameaça" do governo de Donald Trump, um dia depois das sanções financeiras anunciadas por Washington contra Caracas.

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira "novas e fortes" sanções financeiras contra a "ditadura" na Venezuela, entre elas, a proibição de negociar bônus soberanos e da companhia petroleira estatal PDVSA.

Um decreto assinado pelo presidente Trump, o primeiro que afeta o país e não apenas indivíduos venezuelanos, "proíbe negociar nova dívida emitida pelo governo da Venezuela e sua empresa petroleira estatal".

Até aqui, o governo de Trump só tinham imposto sanções financeiras e jurídicas contra Maduro e 20 funcionários e colaboradores, acusando-os de ferir a democracia, corrupção ou violação dos direitos humanos.

Mas a Casa Branca descartou uma eventual operação militar contra a Venezuela no futuro próximo, uma possibilidade evocada há duas semanas por Trump.

- Exercícios -No entanto, cerca de 900.000 militares e civis venezuelanos farão neste fim de semana manobras ordenadas com o envio de tanques de guerra e soldados, práticas de franco-atiradores, sobrevoo de aeronaves e treinamentos de armas.

Cerca de 200.000 homens da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e outros 700.000 milicianos, reservistas e civis participarão do "Exercício Soberania Bolivariana 2017", estão convocados.

"Nunca antes a FANB esteve mais coesa, mais unida. Este exercício vai nos permitir passar para uma nova fase de alerta, de atitude para o combate defensivo", afirmou o chefe do Comando Estratégico Operacional, Remigio Ceballos, rodeado de soldados.

Maduro assegurou que "a Venezuela nunca havia sido ameaçada dessa maneira", ao se referir à afirmação de Trump que não descarta a opção militar para resolver a crise no país sul-americano e hoje adotou medidas financeiras.

A embaixada de Washington em Caracas advertiu os cidadãos americanos que vivem na Venezuela para que tomem medidas de segurança ante os exercícios militares, porque haverá civis no treinamento com armas, além de áreas com forte presença militar.

Antes do anúncio das recentes sanções de Washington, Maduro realizou uma troca de postos para enfrentar as sanções econômicas, nomeando Nelson Martínez como novo presidente da PDVSA e Eulogio Del Pino como ministro do Petróleo.

O presidente dá por certo que, em breve, os Estados Unidos aplicarão um bloqueio econômico e naval contra a Venezuela, que abriga as maiores reservas de petróleo do mundo e exporta a esse país 42% do 1,9 milhão de barris de petróleo que produz diariamente.

Com 365.000 efetivos, com armamento de origem chinesa e russa e com grande poder político e econômico, a FANB é o principal pilar do governo socialista, cuja gestão é rechaçada, segundo a empresa Datanálisis, por 80% dos venezuelanos.

No início de agosto, cerca de 20 homens - pelo menos três oficiais entre eles - invadiram um forte em Valencia e roubaram armas. Segundo especialistas, o episódio deixou aparente o mal-estar na classe média, embora governo e cúpula militar descartem divisões.

Em maio, o opositor Henrique Capriles assegurou que 85 soldados, sargentos e capitães foram detidos por divergir da "repressão" a protestos opositores, que deixaram 125 mortos entre abril e julho.