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ELN está disposto a manter a trégua na Colômbia até janeiro

08/11/2017 11h14

Quito, 8 Nov 2017 (AFP) - Mesmo com o cessar-fogo na Colômbia enfrentando um grave risco, o Exército Nacional da Libertação Nacional (ELN) se mostra empenhado em respeitá-lo até 9 de janeiro, assegura o negociador da guerrilha em entrevista exclusiva à AFP em Quito.

O comandante Pablo Beltrán reprova o governo de Bogotá que não assume sua responsabilidade no crescente número de ataques contra líderes sociais, o que já deixou 200 mortos desde janeiro de 2016, segundo a Defensoria do Povo.

Na elegante fazenda localizada na periferia de Quito, onde é negociado um acordo de paz similar ao assinado com as Farc, Beltrán critica as faltas do governo para com essa guerrilha, agora transformada em partido político.

Também sugere uma alternativa da esquerda visando às eleições presidenciais de maio, que o ex-chefe das Farc, Rodrigo Londoño ("Timochenko") pretende disputar. O objetivo, segundo Beltrán, é deixar para trás a polarização entre o presidente Juan Manuel Santos e o ex-chefe de Estado, Álvaro Uribe, ambos impedidos por lei de serem candidatos.

P: Vocês manterão a trégua até 9 de janeiro?

R: Sim, apesar das dificuldades, também há alguns êxitos. E o propósito comum que temos é que neste segundo mês (de trégua), novembro, tenhamos melhores resultados e que encontremos uma solução para as falhas e os problemas".

P: E depois?

R: Achamos que neste momento a principal tarefa é resolver os problemas do cessar-fogo e levá-lo adiante. Se formos capazes disso, já nos damos por satisfeitos, e, em seguida, veremos o que vai acontecer depois de 9 de janeiro.

P: Que problemas são esses?

R: "Houve um aumento muito grande de mortes e ameaças contra líderes e de repressão forte sobre a substituição forçada dos cultivos de uso ilícito (...). Esta situação resultou em muitos protestos, e o tratamento que se está dando a esses protestos é um tratamento de guerra.

P: O governo reconhece suas reclamações?

R: Ele não consideram isso um problema, não acham que isso viola o cessar-fogo. (...). E há instâncias internacionais que reclamam do governo que assuma suas responsabilidades".

Beltrán menciona, por exemplo, a morte, supostamente pelas mãos do exército, de uma jornalista indígena em um protestos por terra em 8 de outubro.

P: Há novas condições para prosseguir com o cessar-fogo?

R: "Não, nenhuma. A única coisa que queremos é que a ajuda humanitária chegue. Quanto às operações ofensiva, há uma vontade de que não haja choques (...), Para que vão fazer operações de revista e controle (do exército) ao lado de uma força do ELN? Isso é procurar por choque".

P: Que balanço vocês fazem da recente reunião ELN-Farc?

R: "Ouvimos com muita atenção todas as inúmeras dificuldades que estão passando no processo de implementação".

P: As negociações com o ELN dependem da implementação do acordo com as Farc?

R: Não, mas se não forem cumpridas com as Farc, nós temos que esperar. Se forem adiante, veremos o que vai acontecer.

P: As Farc já têm um candidato presidencial. O que acham disso?

R: O país precisa de uma terceira opção; todos os grupos críticos, alternativos, de esquerda, revolucionários devem se unir e oferecer uma alternativa que implique a continuidade do processo de paz e mudanças. Se esta terceira opção acontecer, nós ajudaremos para isso siga adiante e gostaríamos que as Farc estejam juntas. Porque já é hora de virar a página de que os colombianos e colombianas só têm que votar ou nos amigos de Uribe ou nos amigos de Santos. É preciso acabar com isso.

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