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Papa celebra missa para 150 mil pessoas em Mianmar

Papa Francisco no meio de uma multidão de 150 mil pessoas, no Mianmar - Gemunu Amarasinghe/AP
Papa Francisco no meio de uma multidão de 150 mil pessoas, no Mianmar Imagem: Gemunu Amarasinghe/AP

29/11/2017 02h07

O papa Francisco celebrou nesta quarta-feira (29) uma missa para mais de 150 mil pessoas em Mianmar, diante de uma multidão de católicos emocionados com a primeira visita de um pontífice ao país, uma viagem marcada pela sombra da fuga dos rohingyas.

"Sou testemunha de que a Igreja aqui está viva", disse o papa à comunidade católica, que tem 700.000 pessoas - pouco mais de 1% da população - em um país de 51 milhões de habitantes, em sua maioria budistas.

Os católicos birmaneses esperavam há meses a chegada de Francisco e peregrinos de todos os pontos de Mianmar viajaram à Rangum, capital econômica do país, para a missa campal.

Para assistir à missa, alguns foram obrigados inclusive a dormir nos cemitérios das igrejas.

"Jamais sonhei em poder vê-lo na minha vida", disse Meo, uma mulher de 81 anos da minoria akha, que veio do estado de Shan para a missa.

Assim como ela, muitos peregrinos viajaram até a cidade a partir das zonas de conflito em regiões situadas nas fronteiras do país, e inclusive da Tailândia e do Vietnã.

"Nunca vi tantos católicos", contou Gregory Than Zaw, um homem de 40 anos da etnia karen, que viajou cinco horas de ônibus para chegar a Rangum com um grupo de 90 peregrinos de sua aldeia.

O Papa saudou a multidão, em sua maioria sentada tranquilamente no chão, de um "papamóvel" antes de oficiar a missa, que marcou o terceiro dia de visita ao país.

A multidão celebrou sua chegada agitando bandeiras de Mianmar.

"Venho como peregrino para escutar e aprender com vocês. E para oferecer algumas palavras de esperança e consolo", disse o pontífice no início da homilia.

Francisco também fez um apelo ao perdão, inclusive no caso de Mianmar, um país que tem vários conflitos internos, onde "muitos têm feridas da violência, feridas visíveis e invisíveis".

Durante a quarta-feira, o papa se reunirá com líderes religiosos budistas em um dos templos mais venerados do país.

Até o momento, a viagem havia registrado um tom mais político.

Na terça-feira, Francisco pediu "respeito a todos os grupos étnicos", mas evitou pronunciar a palavra "rohingya" e não fez menção direta ao êxodo dessa minoria muçulmana vítima de perseguições para Bangladesh.

Em um discurso pronunciado diante das autoridades civis do país na capital, Naypyidaw, o Papa também defendeu um "compromisso pela justiça e respeito aos direitos humanos".

Francisco também se encontrou com a líder birmanesa e vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, mas não citou diretamente a crise dos rohingyas, que chamou a atenção mundial nos últimos meses.

Desde o final de agosto, mais de 620.000 rohingyas chegaram a Bangladesh, fugindo dos abusos, assassinatos e torturas cometidos pelo Exército birmanês e por milícias budistas.

A ONU considera a situação um caso de tentativa de "limpeza étnica".