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Soldado norte-coreano deserta para Coreia do Sul

Soldados sul-coreanos patrulham fronteira perto da zona desmilitarizada que divida as duas Coreias, em Paju, Coreia do Sul - Kim Hong-Ji/ Reuters
Soldados sul-coreanos patrulham fronteira perto da zona desmilitarizada que divida as duas Coreias, em Paju, Coreia do Sul Imagem: Kim Hong-Ji/ Reuters

Em Seul

21/12/2017 06h06

Um militar norte-coreano entrou na Coreia do Sul nesta quinta-feira ao atravessar a zona desmilitarizada (DMZ) que divide a península, informou o governo sul-coreano, um mês depois da depois da espetacular deserção de outro soldado, sob os tiros do exército da Coreia do Norte.

Os soldados sul-coreanos observaram o militar, "de patente não muito elevada", utilizando equipamentos de vigilância no momento em que ele cruzava, em meio à neblina, a DMZ por sua parte central. Ele conseguiu chegar a um posto de vigilância, segundo o ministério sul-coreano da Defesa.

Neste momento não foram registrados tiros, mas 90 minutos depois as tropas norte-coreanas dispararam quase 20 vezes como advertência para dissuadir os soldados que se aproximavam da fronteira, ao que parece em busca do soldado fugitivo.

Mais tarde foram ouvidas duas séries de disparos no Norte, segundo um porta-voz do ministério.

A deserção ocorre pouco mais de um mês após a fuga espetacular de outro militar, que no dia 13 de novembro atravessou a fronteira na zona da aldeia de Panmunjom, sob fogo dos guardas norte-coreanos, e chegou gravemente ferido ao Sul.

Nas imagens registradas pelas câmeras de segurança no mês passado, o desertor chegou à DMZ a bordo de um veículo 4x4 a uma zona de demarcação fortemente vigiada e atravessou correndo para o Sul, enquanto era alvo de dezenas de disparos de militares do Norte.

Ele conseguiu chegar a um posto de vigilância, onde foi ajudado por soldados sul-coreanos. Estava ferido após receber pelo menos quatro tiros.

Este desertor, Oh Chong-Song, de 24 anos, está hospitalizado desde então na Coreia do Sul. Ele passou por várias cirurgias em um hospital universitário de Seul e foi transferido para um hospital militar, segundo a agência Yonhap.

O norte-coreano está em recuperação e já consegue ficar de pés, de acordo com a agência. Ele escreveu uma carta de agradecimento aos médicos e enfermeiros que prestaram atendimento.

O ex-militar deseja ser advogado, informou o cirurgião Lee Cook-Jong.

"Explicou que, no Norte, não podia estudar muito por sua condição de militar. Espero apenas que vire um bom cidadão, independente da profissão que escolher", declarou Lee.

Nas imediações de Panmunjom, a DMZ, que tem quatro quilômetros de extensão, está repleta de alambrados e minas, o que significa que atravessar a zona nesta área é extremamente perigoso.

Desde o início do ano, quatro militares norte-coreanos já desertaram através da DMZ.

Além disso, dois civis norte-coreanos passaram ao Sul esta semana. Eles foram encontrados em uma embarcação improvisada, sem motor, à deriva na costa leste da Coreia do Sul.

Quinze norte-coreanos desertaram este ano, passando diretamente ao Sul, de acordo com o Estado-Maior sul-coreano. Um número três vezes superior ao de 2016.

Quase 30.000 pessoas fugiram da Coreia do Norte para o Sul desde o fim da guerra (1950-1953).

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AFP