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Chegadas de imigrantes à Espanha pelo mar triplicaram em 2017

28/12/2017 14h22

Madri, 28 dez 2017 (AFP) - Argelinos e marroquinos reforçaram o fluxo migratório para a Espanha em 2017, aonde as chegadas pelo mar triplicaram, assim como aumentou o número de mortos rumo a esse país.

Com isso, a Espanha se torna a terceira rota de migrantes que arriscam suas vidas no Mediterrâneo para alcançar a Europa.

"No fim do ano, o balanço continua sendo desolador", adverte a ONG Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado (Cear).

Os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) são eloquentes.

De 1º de janeiro a 20 de dezembro, cerca de 21.500 pessoas chegaram à Espanha pelo mar, depois de terem posto sua vida em risco em precárias embarcações, mediante pagamento às máfias que facilitam a infraestrutura para essas travessias. Esse número é três vezes maior do que o do ano passado (6.046 em 2016), aumentando também o número de mortos e de desaparecidos desde o início do ano corrente. Foram 223 ao todo, 95 a mais do que em 2016.

"Sofremos uma pressão migratória em tudo que é a zona do Mediterrâneo", da Andaluzia (sul) às ilhas Baleares (leste), resumiu nesta quinta o ministro espanhol do Interior, Juan Ignacio Zoido, em declarações à rádio Cope.

Ao todo, segundo a OIM, 3.116 pessoas morreram, ou desapareceram, na travessia do Mediterrâneo com destino à Espanha até 20 de dezembro. Em 2016, foram 4.967.

A Itália continua sendo a principal porta de entrada para a UE, com quase 119.000 chegadas e 2.832 mortos. Esses grupos são procedentes da Líbia, onde autoridades africanas e europeias se comprometeram a combater as redes de traficantes.

Atrás aparece a Grécia, com 28.800 chegadas e 61 mortos. Desde 2015, o fluxo nesse país vem caindo exponencialmente, devido a um acordo entre UE e Turquia para conter a vinda de refugiados sírios, afegãos e iraquianos.

- Instabilidade política e econômica no Magreb -Nos últimos anos, boa parte dos imigrantes que desembarcou na Espanha procedia da África subsaariana. Em 2017, a novidade é a chegada em grandes proporções de imigrantes argelinos e marroquinos.

"Este ano houve um aumento relevante de pessoas procedentes da Argélia", comenta Carlos Arce, responsável pela área de migrações na Associação Pró-Direitos Humanos da Andaluzia (APDHA).

Arce atribui essa mudança "à situação econômica que sofreu uma deterioração nos últimos três anos", decorrente da queda de preços do petróleo.

Ele destaca ainda o aumento nas chegadas de marroquinos, um fenômeno corroborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Em um informe publicado em novembro, essa agência da ONU destacava que os marroquinos estavam chegando a bordo de pranchas de windsurfe, botes infláveis e embarcações de madeira - "algumas com mais de 60 pessoas" a bordo. Também registravam-se chegadas significativas de marfinenses e guineanos.

Em novembro, houve uma forte polêmica quando cerca de 500 migrantes - em sua maioria argelinos recém-chegados em questão de poucas horas - foram presos em uma instituição na localidade andaluza de Archidona.

Segundo o diretor da associação Málaga Acoge, Alejandro Cortina, nas últimas duas semanas, "centenas de pessoas foram devolvidas para a Argélia". Entre elas, estão "vários menores".

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