Como a AFP viu nascer o movimento de Maio de 68
Paris, 27 Abr 2018 (AFP) -
No início de tudo, os estudantes de Maio de 68 na França tinham duas reivindicações: o fim da Guerra do Vietnã e, mais prosaicamente, a permissão para receber visitas do sexo oposto em seus quartos nas residências universitárias.
Em 31 de março, com o cronograma já alterado ou mesmo suspenso em várias universidades proeminentes de Paris, como Nanterre e Sorbonne, a AFP realizou uma reportagem sobre essa exigência, aparentemente de menor importância, mas que prefigura a liberação sexual que viria a seguir.
Revolta na casa dos EUA na Cidade UniversitáriaPARIS, 31 de março 1968 (AFP) - Os estudantes da casa dos Estados Unidos na Cidade Universitária Internacional de Paris se rebelaram esta noite contra o regulamento interno deste pavilhão onde, dizem, o caráter "puritano" da disciplina tornou-se inaceitável.
Seguindo o exemplo que vem dando há meses os estudantes da maioria das residências universitárias na França, os 500 alunos, homens e mulheres, da casa de Estados Unidos decidiram mover-se livremente dentro de seu edifício sem levar em conta as proibições administrativas.
A casa é composta de duas alas, uma reservada às mulheres e outra aos homens, sem que possam se comunicar uns com os outros, exceto pelo hall de entrada, no piso térreo, onde um guarda monitora as idas e vindas.
Na entrada da ala dos rapazes, há um aviso afixado: "Female visitors are not permited beyond this door" ("Não é permitida a entrada de visitantes do sexo feminino para além desta porta"). Um cartaz idêntico, para os "visitantes do sexo masculino" está pendurado do lado das moças.
A casa abriga cerca de 500 estudantes, divididos em cerca de 50% entre franceses e americanos e entre homens e mulheres. Entre os americanos, há cerca de cinquenta negros.
Os estudantes consideram que a disciplina é aplicada com mais rigor em seu pavilhão do que em qualquer outro o que, segundo eles, é ainda mais injustificado dado que maioria dos alunos são maiores de idade.
Durante o dia, a ideia de uma revogação deste regulamento se espalhou espontaneamente entre os estudantes e a maioria deles a apoia.
À noite, depois de se reunirem no piso térreo, o único local autorizado de encontro entre meninos e meninas (além da cafeteria), os estudantes trocaram informações e começaram a atravessar as portas que lhes são vetadas.
As mulheres não tiveram dificuldade em entrar na ala dos homens, mas, na ala feminina, o administrador, o Sr. Boisson, interpôs-se por um tempo e impediu que os alunos entrassem.
No entanto, os estudantes conseguiram abrir uma porta de comunicação no quinto andar, o que lhes permitiu entrar na parte reservada às moças.
Pouco depois, o administrador renunciou à guarda e deixou todos circularem livremente até as 23h.
O protesto aconteceu de forma calma. Os estudantes pretendiam apenas dar-lhe um caráter simbólico. Mas anunciaram sua intenção de reincidir se não conseguirem chegar a um acordo com o diretor, o Sr. Frazes.
No início de tudo, os estudantes de Maio de 68 na França tinham duas reivindicações: o fim da Guerra do Vietnã e, mais prosaicamente, a permissão para receber visitas do sexo oposto em seus quartos nas residências universitárias.
Em 31 de março, com o cronograma já alterado ou mesmo suspenso em várias universidades proeminentes de Paris, como Nanterre e Sorbonne, a AFP realizou uma reportagem sobre essa exigência, aparentemente de menor importância, mas que prefigura a liberação sexual que viria a seguir.
Revolta na casa dos EUA na Cidade UniversitáriaPARIS, 31 de março 1968 (AFP) - Os estudantes da casa dos Estados Unidos na Cidade Universitária Internacional de Paris se rebelaram esta noite contra o regulamento interno deste pavilhão onde, dizem, o caráter "puritano" da disciplina tornou-se inaceitável.
Seguindo o exemplo que vem dando há meses os estudantes da maioria das residências universitárias na França, os 500 alunos, homens e mulheres, da casa de Estados Unidos decidiram mover-se livremente dentro de seu edifício sem levar em conta as proibições administrativas.
A casa é composta de duas alas, uma reservada às mulheres e outra aos homens, sem que possam se comunicar uns com os outros, exceto pelo hall de entrada, no piso térreo, onde um guarda monitora as idas e vindas.
Na entrada da ala dos rapazes, há um aviso afixado: "Female visitors are not permited beyond this door" ("Não é permitida a entrada de visitantes do sexo feminino para além desta porta"). Um cartaz idêntico, para os "visitantes do sexo masculino" está pendurado do lado das moças.
A casa abriga cerca de 500 estudantes, divididos em cerca de 50% entre franceses e americanos e entre homens e mulheres. Entre os americanos, há cerca de cinquenta negros.
Os estudantes consideram que a disciplina é aplicada com mais rigor em seu pavilhão do que em qualquer outro o que, segundo eles, é ainda mais injustificado dado que maioria dos alunos são maiores de idade.
Durante o dia, a ideia de uma revogação deste regulamento se espalhou espontaneamente entre os estudantes e a maioria deles a apoia.
À noite, depois de se reunirem no piso térreo, o único local autorizado de encontro entre meninos e meninas (além da cafeteria), os estudantes trocaram informações e começaram a atravessar as portas que lhes são vetadas.
As mulheres não tiveram dificuldade em entrar na ala dos homens, mas, na ala feminina, o administrador, o Sr. Boisson, interpôs-se por um tempo e impediu que os alunos entrassem.
No entanto, os estudantes conseguiram abrir uma porta de comunicação no quinto andar, o que lhes permitiu entrar na parte reservada às moças.
Pouco depois, o administrador renunciou à guarda e deixou todos circularem livremente até as 23h.
O protesto aconteceu de forma calma. Os estudantes pretendiam apenas dar-lhe um caráter simbólico. Mas anunciaram sua intenção de reincidir se não conseguirem chegar a um acordo com o diretor, o Sr. Frazes.
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