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Presidente catalão nomeia governo de presos e exilados; Madri denuncia 'provocação'

17.mai.2018 - O presidente recém-empossado, Quim Torra, discursa em Barcelona - Alberto Estévez/AFP
17.mai.2018 - O presidente recém-empossado, Quim Torra, discursa em Barcelona Imagem: Alberto Estévez/AFP

Madri

19/05/2018 14h40

O presidente regional catalão, o separatista Quim Torra, nomeou neste sábado (19) um governo que inclui quatro ministros exilados ou em prisão preventiva por atuarem na tentativa de secessão de 2017. O anúncio foi mal recebido por Madri, que tachou a escolha de "provocação".

Em virtude do decreto de nomeação, Torra restabeleceu em seus cargos quatro membros do anterior governo separatista de Carles Puigdemont.

O anúncio deste sábado caiu como uma ducha de água fria para o executivo central de Mariano Rajoy, que anteriormente advertiu que o governo catalão devia ser "legal e viável" e que "factivelmente não é possível" ter vários de seus membros exercendo a função da prisão.

Em comunicado, o governo espanhol qualificou como "nova provocação" a lista de conselheiros do governo catalão, já que "vários deles estão foragidos da Justiça, ou em situação de prisão provisória".

Também acrescentou que "analisará a viabilidade" do governo catalão, o que sugere que manterá em suspenso a publicação do decreto de nomeação. Trata-se de uma competência de Madri, e é essencial para o executivo de Quim Torra começar a trabalhar formalmente.

Quem são os ministros

Entre os quatro ministros regionais em questão estão Jordi Turull (conselheiro da Presidência) e Josep Rull (Território e Sustentabilidade), os dois em prisão preventiva. Suas defesas solicitaram ao Tribunal Supremo que sejam colocados em liberdade provisória para que assumam o cargo em 23 de maio e possam exercê-lo, segundo um texto recebido pela AFP.

Os outros dois são Toni Comín (Saúde) e Lluís Puig (Cultura), instalados em Bruxelas e cuja extradição é reclamada pela Espanha dentro da mesma causa.

Torra assinou o decreto de nomeação no dia seguinte de ter pedido por carta a Rajoy uma reunião nos próximos dias, "sem condições" e para "falar sobre tudo". Uma oferta que, de acordo com o Executivo central, "durou menos de 24 horas", e que, à luz da lista de conselheiros anunciados neste sábado, "não é sincero".

Incluindo Torra, o novo governo catalão conta com 14 membros, entre eles apenas três mulheres.

Inclusive estão vários amigos íntimos do ex-presidente Puigdemont, como Elsa Artadi, uma das líderes de sua lista conservadora Juntos pela Catalunha, nomeada conselheira de Empresa; e Miguel Buch, novo conselheiro do Interior, e, portanto, responsável pela polícia regional catalã.

Como vice-presidente do governo catalão e conselheiro da Economia foi nomeado Pere Aragonés, dirigente do "Esquerra Republicana de Catalunya" (ERC), que sucede no cargo o líder deste partido, Oriol Junqueras, em prisão preventiva por supostos crimes de rebelião e malversação.

No Ministério das Relações Exteriores foi nomeado outro dirigente do ERC, Ernest Maragall, irmão do socialista Pasqual  Maragall, que foi presidente da Catalunha entre 2003 e 2006.