Mossul ainda aguarda reconstrução, inquieta por sua segurança
Mossul, Iraque, 10 Jul 2018 (AFP) - Entre os atrasos de sua reconstrução e uma segurança ainda precária, Mossul, antiga "capital" iraquiana do grupo Estado Islâmico (EI), comemora sem muito entusiasmo nesta terça-feira (10) o primeiro aniversário de sua libertação.
Foi em uma cidade devastada por mais de oito meses de intensos combates que o primeiro-ministro, Haider al-Abadi, parabenizou as forças armadas pela "vitória" no dia 10 de julho de 2017.
Prometidas a estabilidade e a reconstrução por al-Abadi, os habitantes, então, receberam com alívio a notícia da libertação de sua cidade, onde o EI fez reinar o terror durante três anos.
"Nós fomos libertados, mas o que isso mudou? Nossas casas foram destruídas", reclama Oum Mohamed, uma mãe de sete filhos, cuja casa situada no oeste da cidade está em ruínas.
Essa mulher morava próxima à famosa mesquita Al-Nouri, na parte antiga da cidade. Da mesquita, sobrou apenas a cúpula, encontrada agora no chão em meio a um aglomerado de carcaças de carros.
O templo religioso, assim como o minarete inclinado, conhecido como "a torre de Pisa iraquiana", foram aniquilados com dinamite em junho de 2014 por jihadistas.
Além desses monumentos emblemáticos da cidade, escolas, moradias e outros tantos prédios foram arruinados. Durante os oito meses de combates, cerca de um milhão de pessoas fugiu.
Mas se uma vida mais ou menos normal pode ser encontrada nos setores ao leste da cidade, onde os conflitos foram mais limitados, o gigantesco trabalho de remoção de escombros na parte oeste começou apenas nessas últimas semanas.
- Nenhuma festividade -"Mais de 380.000 habitantes se deslocaram para os arredores de Mossul, enquanto a cidade permanece encoberta por oito milhões de toneladas de destroços", indicou nesta semana em um comunicado o Conselho norueguês para os refugiados.
A municipalidade precisa de 874 milhões de dólares para restaurar as infraestruturas de base, segundo o Conselho.
"O que foi comemorado pelas autoridades iraquianas e pela comunidade internacional há um ano como uma vitória não se traduziu em um alívio para inúmeros iraquianos de Mossul que moram em uma sórdida miséria", declarou o diretor do setor responsável pelo Iraque na ONG Wolfgang Gressmann.
Nenhuma festividade não está prevista nesta terça-feira para marcar a libertação.
"A enorme destruição roubou o sentido de nossa alegria", relata Abou Ghsoun, um motorista de 44 anos que vive na região leste depois de ter perdido sua casa no lado oposto da cidade.
O mesmo ressentimento é compartilhado por Ghadir Ibrahim Fattah. "Nós esperávamos uma reconstrução imediata, mas nada foi feito", lamenta esse iraquiano de 35 anos, que acrescenta que os moradores estão "desmoralizados".
Os poderes locais repreendem o governo do país pela lentidão dos trabalhos. "O governo central negligencia a província", diz Ghanim Hamid, membro do conselho provincial de Ninive, onde Mossul é a capital.
Ele se queixada de que duas conferências de doadores em Paris (2014) e depois no Kuwait (2018) não passaram de "palavras escritas em um papel"
- Desaparecidos-O desespero é perceptível também nas famílias que procuram seus parentes desaparecidos. "O governo não nos diz coisa alguma", afirma Oum Qoussai, 40 anos, moradora da parte leste, reclamando da falta de acompanhamento das autoridades.
Toda sexta-feira, essa mulher e outras tantas se reúnem na praça Al-Minassa com esperança de conhecer o destino de membros de suas famílias.
Vestidas de preto e acompanhadas de seus filhos e de alguns homens, elas hasteiam as fotos dos "desaparecidos" com seus braços.
Além da lentidão da reconstrução, uma certa inquietude começou a se instalar: a preocupação com uma possível deterioração da segurança por parte dos habitantes da província de Nínive, onde as autoridades haviam afirmado ter controle total em agosto do ano passado.
Em dezembro, o premiê iraquiano havia anunciado o "fim da guerra" contra o EI, mas certos redutos de jihadistas permanecem erguidos em regiões desérticas próximas à fronteira com a Síria.
E o EI continua a reivindicar atentados com vítimas fatais, mesmo que o grupo continue a enfraquecer.
As forças armadas e os serviços de segurança lançaram na quarta-feira passada uma vasta operação para eliminar células do EI no centro do país, depois da descoberta uma semana antes de corpos de oito iraquianos sequestrados pelo grupo jihadista.
Segundo o cientista político Amer Bak, o Estado Islâmico "poderia retornar sob um nome diferente" apesar da presença de múltiplas forças em Nínive, como as forças de segurança, o exército, a polícia, as milícias e as tribos.
Foi em uma cidade devastada por mais de oito meses de intensos combates que o primeiro-ministro, Haider al-Abadi, parabenizou as forças armadas pela "vitória" no dia 10 de julho de 2017.
Prometidas a estabilidade e a reconstrução por al-Abadi, os habitantes, então, receberam com alívio a notícia da libertação de sua cidade, onde o EI fez reinar o terror durante três anos.
"Nós fomos libertados, mas o que isso mudou? Nossas casas foram destruídas", reclama Oum Mohamed, uma mãe de sete filhos, cuja casa situada no oeste da cidade está em ruínas.
Essa mulher morava próxima à famosa mesquita Al-Nouri, na parte antiga da cidade. Da mesquita, sobrou apenas a cúpula, encontrada agora no chão em meio a um aglomerado de carcaças de carros.
O templo religioso, assim como o minarete inclinado, conhecido como "a torre de Pisa iraquiana", foram aniquilados com dinamite em junho de 2014 por jihadistas.
Além desses monumentos emblemáticos da cidade, escolas, moradias e outros tantos prédios foram arruinados. Durante os oito meses de combates, cerca de um milhão de pessoas fugiu.
Mas se uma vida mais ou menos normal pode ser encontrada nos setores ao leste da cidade, onde os conflitos foram mais limitados, o gigantesco trabalho de remoção de escombros na parte oeste começou apenas nessas últimas semanas.
- Nenhuma festividade -"Mais de 380.000 habitantes se deslocaram para os arredores de Mossul, enquanto a cidade permanece encoberta por oito milhões de toneladas de destroços", indicou nesta semana em um comunicado o Conselho norueguês para os refugiados.
A municipalidade precisa de 874 milhões de dólares para restaurar as infraestruturas de base, segundo o Conselho.
"O que foi comemorado pelas autoridades iraquianas e pela comunidade internacional há um ano como uma vitória não se traduziu em um alívio para inúmeros iraquianos de Mossul que moram em uma sórdida miséria", declarou o diretor do setor responsável pelo Iraque na ONG Wolfgang Gressmann.
Nenhuma festividade não está prevista nesta terça-feira para marcar a libertação.
"A enorme destruição roubou o sentido de nossa alegria", relata Abou Ghsoun, um motorista de 44 anos que vive na região leste depois de ter perdido sua casa no lado oposto da cidade.
O mesmo ressentimento é compartilhado por Ghadir Ibrahim Fattah. "Nós esperávamos uma reconstrução imediata, mas nada foi feito", lamenta esse iraquiano de 35 anos, que acrescenta que os moradores estão "desmoralizados".
Os poderes locais repreendem o governo do país pela lentidão dos trabalhos. "O governo central negligencia a província", diz Ghanim Hamid, membro do conselho provincial de Ninive, onde Mossul é a capital.
Ele se queixada de que duas conferências de doadores em Paris (2014) e depois no Kuwait (2018) não passaram de "palavras escritas em um papel"
- Desaparecidos-O desespero é perceptível também nas famílias que procuram seus parentes desaparecidos. "O governo não nos diz coisa alguma", afirma Oum Qoussai, 40 anos, moradora da parte leste, reclamando da falta de acompanhamento das autoridades.
Toda sexta-feira, essa mulher e outras tantas se reúnem na praça Al-Minassa com esperança de conhecer o destino de membros de suas famílias.
Vestidas de preto e acompanhadas de seus filhos e de alguns homens, elas hasteiam as fotos dos "desaparecidos" com seus braços.
Além da lentidão da reconstrução, uma certa inquietude começou a se instalar: a preocupação com uma possível deterioração da segurança por parte dos habitantes da província de Nínive, onde as autoridades haviam afirmado ter controle total em agosto do ano passado.
Em dezembro, o premiê iraquiano havia anunciado o "fim da guerra" contra o EI, mas certos redutos de jihadistas permanecem erguidos em regiões desérticas próximas à fronteira com a Síria.
E o EI continua a reivindicar atentados com vítimas fatais, mesmo que o grupo continue a enfraquecer.
As forças armadas e os serviços de segurança lançaram na quarta-feira passada uma vasta operação para eliminar células do EI no centro do país, depois da descoberta uma semana antes de corpos de oito iraquianos sequestrados pelo grupo jihadista.
Segundo o cientista político Amer Bak, o Estado Islâmico "poderia retornar sob um nome diferente" apesar da presença de múltiplas forças em Nínive, como as forças de segurança, o exército, a polícia, as milícias e as tribos.
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