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Colaborador de Macron que atacou manifestantes admite 'erro'

26/07/2018 10h10

Paris, 26 Jul 2018 (AFP) - O ex-responsável da segurança de Emmanuel Macron admitiu nesta quinta-feira (16) que "cometeu um erro" ao agredir dois manifestantes em um protesto, mas denunciou que as pessoas que detonaram o escândalo querem "prejudicar" o presidente francês.

"Tenho a sensação de ter cometido uma grande idiotice. De ter cometido um erro [...] nunca deveria ter ido a essa manifestação como observador, e talvez devesse ter permanecido à margem", afirmou Alexandre Benalla, em entrevista ao jornal "Le Monde".

Foi este mesmo veículo que revelou o caso na semana passada, mergulhando o governo Macron em sua pior crise política. Em um vídeo amador, vê-se Benalla, com um capacete e uma braçadeira da Polícia, agredindo dois manifestantes durante um protesto em Paris, em 1º de maio passado, Dia dos Trabalhadores.

As revelações de que a Presidência estava a par do incidente e não informou a Justiça, como determina a lei, levantaram fortes críticas da oposição que viu nisso uma tentativa de acobertar o caso.

Indiciado por violência e usurpação de funções, Benalla disse "assumir" seu ato.

"Não estou na teoria conspiratória", afirmou.

"Mas, sobre o que aconteceu depois, tenho dúvidas. Havia, em primeiro lugar, um desejo de prejudicar o presidente da República. Disso não tenho dúvida", acrescentou.

"Tentaram me atingir (...) e era também uma oportunidade de atingir o presidente", apontou.

Segundo Benalla, "as pessoas que revelaram esse caso estão num nível muito alto (...) políticos e polícia".

- Macron falaEcoando as acusações dos opositores, segundo os quais Macron se mostrou arrogante em suas explicações, o líder do partido conservador Os Republicanos, Christian Jacob, afirmou que o presidente tem "inclinações monárquicas".

"Estamos frente a um incidente muito grave. O presidente deve se explicar aos franceses. Não deve fazê-lo com desdém, ou provocação, como fez até agora", declarou Jacob em entrevista à rádio Franceinfo.

Os legisladores da oposição pediram a Macron, reiteradamente, que se dirigisse à nação.

Após seis dias de silêncio absoluto e sob pressão da oposição, Emmanuel Macron resolveu falar na terça-feira à noite, assumindo sua "responsabilidade" pelo escândalo.

"O que aconteceu em 1º de maio [...] é grave, sério e, para mim, foi uma decepção, uma traição", declarou Macron, referindo-se àquele que foi, desde a campanha presidencial de 2017, um de seus mais próximos homens de confiança.

Nesta quinta, em conversa com a AFP no sudoeste da França, o presidente mudou um pouco de tom, avaliando que o "caso Benalla" é "apenas uma tempestade em copo d'água".

"Eu disse o que eu tinha a dizer, ou seja, que eu acredito que seja uma tempestade em um copo d'água", disse Macron a uma jornalista da AFP, antes de se reunir com uma delegação de agricultores.

Depois, dirigiu-se aos jornalistas.

"Vocês disseram muitas besteiras nos últimos dias sobre supostos salários, privilégios. Tudo isso é falso", afirmou.

"Vi, nos últimos dias, muitas pessoas perdendo a razão com reações desproporcionais e muita violência", acrescentou, dizendo-se alvo de um "julgamento político com base em um caso que é triste, mas que é o de um homem".