Maldivas realizam eleição presidencial em clima de repressão
Colombo, 22 Set 2018 (AFP) - As Maldivas evocam luas de mel e praias paradisíacas no imaginário das pessoas, mas a situação política deste pequeno país do oceano Índico, que vai às urnas neste domingo (23) votar para presidente, é bem menos radiante.
Abdulla Yameen, o chefe de Estado desse arquipélago de mais de 340.000 habitantes, lança uma repressão feroz contra qualquer dissidência e parece ter caminho livre para obter um segundo mandato de cinco anos.
Os protestos e pressões da comunidade internacional não tiveram repercussão. As principais personalidades da oposição estão atrás das grades ou no exílio, como o ex-presidente Mohamed Nasheed. A sociedade civil, por sua vez, está amordaçada.
Líder dos protestos opositores, Nasheed - que perdeu as eleições para Yameen em 2013 em circunstâncias polêmicas - teve que desistir da atual disputa presidencial após ser condenado num processo movido por motivação política, de acordo com a ONU.
A coalizão de oposição acabou por apresentar Ibrahim Mohamed Solih, de 54 anos, pouco conhecido dos eleitores. A imprensa ignorou sua candidatura, por medo de represálias por parte do poder.
De acordo com a organização Human Rights Watch, o governo das Maldivas recorre a decretos e "leis vagas formuladas para silenciar a dissidência e intimidar e aprisionar os críticos", alguns dos quais foram agredidos ou mesmo mortos.
"A cobertura da campanha eleitoral é severamente restringida pela lei da difamação. Não é uma cobertura equilibrada, mas não temos escolha", disse à AFP um jornalista local que pediu anonimato por razões de segurança.
"Não podemos nem usar as redes sociais para falar sobre políticos da oposição", explicou o repórter.
A maioria dos jornalistas estrangeiros que desejava cobrir as eleições não obteve visto. Apenas alguns, nos últimos dias, conseguiram uma autorização.
Na semana passada, a oposição denunciou esse bloqueio à imprensa internacional e acusou o regime de tentar limitar "a observação independente da votação e das prováveis tentativas de fraudes".
A repressão aumentou ainda mais no início de 2018, quando o chefe de Estado se opôs a uma decisão da Suprema Corte, que anulava as condenações judiciais de opositores e restabelecia em seus cargos os deputados rebelados.
Abulla Yameen impôs um estado de emergência por 45 dias, mandou prender dois juízes da Suprema Corte e o ex-autocrata do arquipélago (1978-2008) Maumoon Abdul Gayoom, seu meio-irmão e antigo mentor. A alta corte finalmente retrocedeu em sua decisão.
Esse "ataque contra a democracia", de acordo com os termos usados pela ONU, prejudicou ainda mais a imagem do país, um importante destino turístico cujos rendimentos relacionados ao turismo representam um quarto de sua economia.
A imprensa estrangeira revelou um vasto esquema de desvio de fundos públicos orquestrado por parentes do presidente Yameen.
Mas, embora a comunidade internacional tenha ameaçado regularmente as autoridades do governo com sanções, Yameen pode contar com um forte aliado: a China.
Como parte de sua política de influência regional, Pequim forneceu centenas de milhões de dólares em empréstimos para as Maldivas para a construção de infraestruturas, incluindo uma grande "Ponte da Amizade China-Maldivas" e a modernização do aeroporto internacional.
Muitos observadores duvidam da capacidade do arquipélago para pagar esses empréstimos. Neste caso, ficaria à mercê de seu credor.
aj-stu-amd/lch/jvb/pb/tt/mr
Abdulla Yameen, o chefe de Estado desse arquipélago de mais de 340.000 habitantes, lança uma repressão feroz contra qualquer dissidência e parece ter caminho livre para obter um segundo mandato de cinco anos.
Os protestos e pressões da comunidade internacional não tiveram repercussão. As principais personalidades da oposição estão atrás das grades ou no exílio, como o ex-presidente Mohamed Nasheed. A sociedade civil, por sua vez, está amordaçada.
Líder dos protestos opositores, Nasheed - que perdeu as eleições para Yameen em 2013 em circunstâncias polêmicas - teve que desistir da atual disputa presidencial após ser condenado num processo movido por motivação política, de acordo com a ONU.
A coalizão de oposição acabou por apresentar Ibrahim Mohamed Solih, de 54 anos, pouco conhecido dos eleitores. A imprensa ignorou sua candidatura, por medo de represálias por parte do poder.
De acordo com a organização Human Rights Watch, o governo das Maldivas recorre a decretos e "leis vagas formuladas para silenciar a dissidência e intimidar e aprisionar os críticos", alguns dos quais foram agredidos ou mesmo mortos.
"A cobertura da campanha eleitoral é severamente restringida pela lei da difamação. Não é uma cobertura equilibrada, mas não temos escolha", disse à AFP um jornalista local que pediu anonimato por razões de segurança.
"Não podemos nem usar as redes sociais para falar sobre políticos da oposição", explicou o repórter.
A maioria dos jornalistas estrangeiros que desejava cobrir as eleições não obteve visto. Apenas alguns, nos últimos dias, conseguiram uma autorização.
Na semana passada, a oposição denunciou esse bloqueio à imprensa internacional e acusou o regime de tentar limitar "a observação independente da votação e das prováveis tentativas de fraudes".
A repressão aumentou ainda mais no início de 2018, quando o chefe de Estado se opôs a uma decisão da Suprema Corte, que anulava as condenações judiciais de opositores e restabelecia em seus cargos os deputados rebelados.
Abulla Yameen impôs um estado de emergência por 45 dias, mandou prender dois juízes da Suprema Corte e o ex-autocrata do arquipélago (1978-2008) Maumoon Abdul Gayoom, seu meio-irmão e antigo mentor. A alta corte finalmente retrocedeu em sua decisão.
Esse "ataque contra a democracia", de acordo com os termos usados pela ONU, prejudicou ainda mais a imagem do país, um importante destino turístico cujos rendimentos relacionados ao turismo representam um quarto de sua economia.
A imprensa estrangeira revelou um vasto esquema de desvio de fundos públicos orquestrado por parentes do presidente Yameen.
Mas, embora a comunidade internacional tenha ameaçado regularmente as autoridades do governo com sanções, Yameen pode contar com um forte aliado: a China.
Como parte de sua política de influência regional, Pequim forneceu centenas de milhões de dólares em empréstimos para as Maldivas para a construção de infraestruturas, incluindo uma grande "Ponte da Amizade China-Maldivas" e a modernização do aeroporto internacional.
Muitos observadores duvidam da capacidade do arquipélago para pagar esses empréstimos. Neste caso, ficaria à mercê de seu credor.
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