Topo

Jerusalém: um ano depois da polêmica decisão de Donald Trump

Jesusalém, cidade sagrada para muçulmanos e judeus, é um dos principais pontos de atrito entre Israel e a Palestina - Getty Images
Jesusalém, cidade sagrada para muçulmanos e judeus, é um dos principais pontos de atrito entre Israel e a Palestina Imagem: Getty Images

06/12/2018 15h41

Qual foi o impacto da decisão do presidente americano Donald Trump de reconhecer, há um ano, Jerusalém como a capital de Israel?

Veja também:

Decisão contra a corrente

Em 6 de dezembro de 2017, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel, rompendo com décadas da política americana no Oriente Médio. Ele provocou a ira dos palestinos e foi desaprovado pela comunidade internacional.

Trump, que tinha se comprometido a ser o presidente mais pró-israelense da história dos Estados Unidos, ordenou preparar a mudança da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém.

Os israelenses comemoraram a decisão, considerada um reconhecimento de uma realidade histórica. De fato, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou como um dia "histórico".

Por que reações tão intensas?

O status de Jerusalém é uma das questões mais espinhosas do conflito entre Israel e Palestina.

Os palestinos afirmam que Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade conquistada em 1967 e depois anexada por Israel, é a capital do Estado que aspiram. Israel proclama Jerusalém como sua capital "eterna e indivisível".

A comunidade internacional considera a anexação ilegal e considera Jerusalém Oriental um território ocupado.

As embaixadas estrangeiras estão localizadas fora da cidade santa, a maioria delas em Tel Aviv.

Os líderes palestinos congelaram suas relações com o governo Trump.

Repercussões

A nova embaixada americana foi aberta em 14 de maio. Trump não compareceu à cerimônia, mas foi representado por sua filha Ivanka e seu genro Jared Kushner.

A cerimônia coincidiu com um banho de sangue na Faixa de Gaza, palco de confrontos entre palestinos e soldados israelenses na barreira fronteiriça. Pelo menos 62 palestinos foram mortos naquele dia por tiros israelenses.

Desde o início, em 30 de março, de uma mobilização na fronteira, especialmente contra o bloqueio israelense, pelo menos 235 palestinos foram mortos por tiroteios israelenses, a maioria deles em manifestações e brigas na barreira de separação com o enclave. Dois soldados israelenses morreram durante esse período.

Exemplo a ser seguido?

Poucos países seguiram os passos de Trump.

Apenas a Guatemala migrou a manteve sua embaixada em Jerusalém.

A do Paraguai, instalada em maio, voltou a Tel Aviv quatro meses mais tarde, após a eleição do novo presidente Mario Abdo Benítez.

Dirigentes de Austrália, Brasil e República Tcheca disseram querer migrar suas embaixadas, mas isso não foi feito.

O que aconteceu desde então?

As relações entre o governo Trump e a liderança palestina continuaram a se deteriorar.

O fechamento do escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington, o desaparecimento do consulado geral dos Estados Unidos para assuntos palestinos em Jerusalém e o fim da ajuda dos EUA a milhões de refugiados palestinos reforçaram a rejeição de qualquer tentativa de mediação pelo governo Trump em favor da paz com Israel.

Trump afirma que o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel elimina um obstáculo nas negociações de paz, que estão congeladas há anos.

E no futuro?

Os dirigentes palestinos têm a sensação de que a mudança da embaixada americana será uma exceção que não será seguida por nenhuma outra grande potência. Eles continuam a boicotar o governo de Trump.

O presidente americano diz estar convencido de que os palestinos acabarão voltando à mesa de negociações e mencionou um plano de paz cujos detalhes são desconhecidos.