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Donald Trump chega a seu terceiro ano cada vez mais sozinho

21/12/2018 15h23

Washington, 21 dez 2018 (AFP) - No alvorecer de seu terceiro ano no comando da maior potência mundial, Donald Trump está cada vez mais sozinho.

Um a um, em silêncio ou com maior estridência, os pesos-pesados, as personalidades fortes, os secretários ou assessores que abrandaram um pouco o impetuoso presidente americano se retiraram, agradecidos ou furiosos.

Devido a brigas, decisões tomadas sem consulta, em uma Casa Branca onde reina um caos permanente, o magnata imobiliário se isolou, causando uma crescente preocupação entre os aliados dos Estados Unidos.

H.R. McMaster, John Kelly e Jim Mattis: três autoridades do alto escalão, sobre os quais Donald Trump - que chegou ao poder sem qualquer experiência militar, política ou diplomática - elogiava seus méritos e sabedoria, deixaram o governo ou estão neste processo.

Para Jim Mattis, ex-general do Corpo de Fuzileiros Navais, muitas vezes considerado "o adulto na sala", segundo uma expressão americana amplamente repetida, o súbito anúncio da retirada das tropas americanas da Síria parece ter sido a gota d'água.

O tom de sua carta de demissão é cortês, mas a mensagem é clara e ressoa imediatamente além das fronteiras dos Estados Unidos.

Ele que foi "uma ilha de estabilidade em meio ao caos da administração Trump", nas palavras do senador Mark Warner, disse sem rodeios estar profundamente preocupado com a falta de respeito do inquilino da Casa Branca em relação aos aliados dos Estados Unidos.

"Jim Mattis deixou claro que já não poderia fazer o suficiente para justificar a parte restante de uma administração com a qual ele não concorda", disse Richard Haass, presidente do Conselho de Relações Exteriores (CFR).

Antes dele, Rex Tillerson, o ex-chefe da ExxonMobil nomeado para liderar a diplomacia americana antes de ser demitido, também expressou suas dúvidas e preocupações.

Ele permaneceu em silêncio por vários meses após sua partida, até recentemente expressar, em poucas palavras, sua visão do presidente para quem trabalhou pouco mais de um ano.

Donald Trump? Um homem "bastante indisciplinado, que não gosta de ler, que não gosta de entrar em detalhes, mas que diz: 'É isso que eu acho'".

- "Dia triste para os Estados Unidos" -"A retirada da Síria não foi uma surpresa, eu venho fazendo campanha sobre esta questão há anos", escreveu Trump no Twitter para justificar sua decisão sobre a Síria, que causou preocupação entre muitos parceiros da coalizão contra o Estado Islâmico.

Mas muitos observadores apontam para o risco de um presidente cercado apenas por conselheiros condescendentes.

Na primavera, foi Gary Cohn, ex-banqueiro do Goldman Sachs com temperamento forte, que deixou a Casa Branca para ser substituído por Larry Kudlow, colunista econômico da televisão e que deu apoio inicial a Donald Trump.

Durante uma cena surpreendente na Casa Branca, há poucas semanas, Kudlow, que agora dirige o prestigioso National Economic Council (NEC), tornou-se um animador único.

Sentado entre o presidente e sua filha e conselheira Ivanka, ele elogiou a pessoa que o indicou.

Insistindo na "extraordinária carreira" do ex-empresário, ele perguntou sobre o que chamou de "a economia de Trump": "Você fez seus críticos mentirem, você derrotou seus críticos, mas como você fez isso?".

Quando, esta manhã, foi questionado na Fox News sobre as reações quase unânimes à renúncia do Jim Mattis (entre lamentos e preocupações sobre o futuro), Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, disse que Donald Trump desempenhou um papel.

"O presidente ouve toda a sua equipe de segurança nacional, que é um grande grupo. Ele segue seu conselho. E, no final do dia, toma a decisão. Para isso foi eleito".

A questão crucial agora é saber quem em Washington formará o "conselho que o presidente precisa escutar", nas palavras do senador republicano Ben Sasse, que viu a partida de Jim Mattis como um "dia triste para os Estados Unidos".

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