Trump questiona seus 'ingênuos' serviços de Inteligência
Washington, 30 Jan 2019 (AFP) - O presidente americano, Donald Trump, protagonizou nesta quarta-feira (30) uma nova disputa com os serviços de Inteligência do país e os chamou de "ingênuos", depois que os chefes das principais agências o contradisseram em vários temas de política exterior.
"Talvez a Inteligência devesse voltar à escola", tuitou.
Esta não é a primeira vez que Trump questiona publicamente os serviços de Inteligência, embora desta vez tenha sido especialmente veemente.
Na audiência de terça-feira no Comitê de Inteligência do Senado sobre as ameaças globais que os Estados Unidos enfrentam, o diretor de Inteligência, Dan Coats, e a chefe da CIA, Gina Haspel, ambos nomeados por Trump, mostraram as suas diferenças em temas como Irã, Coreia do Norte e Síria.
"As pessoas da Inteligência parecem ser extremamente passivas e ingênuas quando se trata dos perigos do Irã. Estão equivocados!", continuou o presidente.
A diretor da CIA colocou em dúvida que o Irã esteja buscando contar com armas nucleares, justificativa de Trump para abandonar unilateralmente o acordo nuclear assinado em 2015.
"Quando me tornei presidente, o Irã estava gerando problemas em todo o Oriente Médio e além. Desde que acabamos com este terrível acordo nuclear são MUITO diferentes, embora uma fonte de perigo e conflito em potencial", escreveu no Twitter.
As diferentes também surgiram no tema norte-coreano.
"Seguimos considerando que seja pouco provável que a Coreia do Norte esteja disposta a renunciar a todas suas armas nucleares e capacidades de produção, apesar de pretender negociar uma desnuclearização parcial para obter importantes concessões internacionais e dos Estados Unidos", assegurou Coats ao Congresso.
Trump se defendeu no Twitter: "A relação da Coreia do Norte com os Estados Unidos é a melhor de todos os tempos". "O tempo dirá o que acontecerá com a Coreia do Norte, mas no final da administração passada a relação era horrível e coisas muito ruins iam acontecer. Agora é outra história", indicou.
O presidente também estava ansioso para responder sobre as diferenças na questão síria, depois que Coats colocou em dúvida que o grupo Estado Islâmico (EI) tivesse sido derrotado.
O EI "ainda controla milhares de combatentes em Iraque e Síria", indicou Coats algumas semanas depois de Trump comemorar a derrota do EI.
"Quando me tornei presidente, o ISIS (EI) estava fora de controle na Síria (...) Desde então foram feitos enormes avanços, especialmente nas últimas 5 semanas. O califado logo será destruído, impensável há dois anos", apontou Trump, que desta vez não foi tão enfático.
Nesse contexto, a reação democrata logo foi vista.
"Devemos saudar nossas agências de Inteligência, que continuam fornecendo análises rigorosas e realistas das ameaças que enfrentamos", disse o democrata Adam Schiff, presidente da Comissão de Inteligência na Câmara de Representantes.
"O fato de que a Casa Branca não escute é terrivelmente perigoso", acrescentou.
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