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Cinco jornalistas estrangeiros são detidos na Venezuela; dois chilenos foram deportados

30.jan.2019 - Protesto contra o presidente da Venezuela Nicolás Maduro convocado pelo líder oposicionista e autoproclamado presidente Juan Guaidó - YURI CORTEZ / AFP
30.jan.2019 - Protesto contra o presidente da Venezuela Nicolás Maduro convocado pelo líder oposicionista e autoproclamado presidente Juan Guaidó Imagem: YURI CORTEZ / AFP

31/01/2019 11h29

A tensão política na Venezuela chegou à imprensa estrangeira: dois jornalistas franceses, dois colombianos e um espanhol permanecem detidos e dois chilenos foram deportados na quarta-feira (30), após passarem 14 horas sob a custódia das autoridades.

Três repórteres da agência espanhola EFE e um motorista da empresa foram detidos na quarta-feira em Caracas, afirmou à AFP a diretora da agência na Venezuela, Nélida Fernández.

Os detidos são os colombianos Leonardo Muñoz (fotógrafo) e Mauren Barriga (cinegrafista) e o repórter espanhol Gonzalo Domínguez, que chegaram a Caracas procedentes de Bogotá em 24 de janeiro. O motorista venezuelano José Salas também foi detido.

Barriga e Domínguez ficaram sob custódia de agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), que os aguardavam no hotel em que estavam hospedados, indicou Fernández.

O governo da Espanha exigiu nesta quinta-feira (31) a libertação imediata dos funcionários da agência EFE.

"O governo da Espanha rejeita energicamente a detenção em Caracas de quatro membros de uma equipe da agência EFE por agentes do Sebin", afirma um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores.

Os profissionais da imprensa, detidos na quarta-feira, viajaram de Bogotá para cobrir a crise na Venezuela.

"O governo exige novamente das autoridades venezuelanas o respeito ao Estado de Direito, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, das quais a liberdade de imprensa é um elemento central", completa a nota.

Fontes diplomáticas confirmaram à AFP que os franceses Pierre Caillé e Baptiste des Monstiers, repórteres do Quotidien - um popular programa do canal de televisão TMC -, foram interceptados quando gravavam imagens dos arredores do Palácio presidencial de Miraflores.

Os jornalistas franceses foram detidos junto com seu produtor no país, Rolando Rodríguez, denunciou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, em espanhol) da Venezuela.

"Perdemos o contato com eles" quando cobriam uma vigília em apoio ao presidente Nicolás Maduro, acrescentou o sindicato.

"Dois jornalistas da nossa equipe foram presos ontem na Venezuela. Estavam lá para cobrir a crise política (...) É difícil dizer mais por conta do risco de piorar a situação. Pensamos neles", reportou a conta no Twitter do Quotidien.

O governo francês comentou o caso.

"Exigimos a libertação e estamos fazendo todo o possível para obtê-la no prazo mais breve", afirmou a porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Agnes von der Muhll.

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini também exigiu a libertação de todos os jornalistas detidos sem motivo na Venezuela.

Na terça-feira à noite também foram detidos nas proximidades de Miraflores dois repórteres do canal público chileno TVN, Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona, junto com os comunicadores venezuelanos Maikel Yriarte e Ana Rodríguez, que os acompanhavam.

O governo de Maduro ordenou a deportação de Pérez e Barahona depois de "inexplicáveis 14 horas de prisão", informou o chanceler chileno, Roberto Ampuero. Yriarte e Rodríguez foram previamente libertados.

Yriarte disse que as autoridades alegaram que os repórteres estavam em uma "zona de segurança".

"É o que as ditaduras fazem: pisotear a liberdade de imprensa, silenciar a liberdade com violência. Apenas agradecemos pelos nossos compatriotas voltarem ao Chile sãos e salvos", escreveu Ampuero no Twitter.

Vários jornalistas estrangeiros foram presos ou deportados nos últimos anos por não terem permissão para trabalhar na Venezuela.

Na terça-feira, em um comunicado, a organização Repórteres Sem Fronteiras denunciou "atos de violência das forças de ordem contra jornalistas" nacionais e estrangeiros que cobrem a onda de protestos da oposição vivida no país desde 21 de janeiro.