Justiça da Austrália condena cardeal a seis anos de prisão por pedofilia
Melbourne, 13 Mar 2019 (AFP) - O cardeal australiano George Pell, ex-chefe de finanças do Vaticano, recebeu nesta terça-feira uma pena de seis anos de prisão por abusar sexualmente de crianças. Com esta sentença estabelecida pela justiça da Austrália, o religioso torna-se o mais alto representante da Igreja católica a ser condenado por pedofilia.
A Corte de Melbourne (sul da Austrália) havia declarado o religioso, de 77 anos, culpado em 27 de fevereiro por agressão sexual e outras quatro acusações de atentado ao pudor contra dois coroinhas - de 12 e 13 anos - na sacristia da Catedral de São Patrício em Melbourne nos anos 1990.
Ao definir a sentença, o juiz Peter Kidd declarou que levou em conta os delitos "horríveis" e a avançada idade do clérigo, que enfrentava uma pena máxima de até 50 anos pelo crime.
Pell, que alega inocência, manteve o silêncio enquanto o juiz descrevia os ataques contra os menores e avaliava que "poderá não viver o suficiente para ser libertado".
O cardeal foi obrigado a assinar o registro de agressores sexuais e deverá cumprir no mínimo três anos e oito meses de prisão da sentença de seis anos.
De acordo com o processo, Pell se aproximou das duas crianças quando elas eram bolsistas do tradicional colégio St. Kevin e cometeu os crimes de abuso em dezembro 1996. Ainda segundo os dados levantados, um dos meninos voltou a sofrer a agressão sexual dois meses depois.
"Há um nível adicional de degradação e humilhação que cada uma de suas vítimas deve ter sentido ao saber que o abuso que sofreram foi visto pelo outro", disse o magistrado, acrescentando que o condenado era o cardeal, e não a Igreja Católica.
Um dos coroinhas vítimas de Pell morreu em 2014 em decorrência de uma overdose.
O cardeal, que foi prefeito da secretaria de Assuntos Econômicos (o terceiro cargo em importância na estrutura administrativa da Igreja), ocupou o cargo de arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2001 e depois se tornou arcebispo de Sidney até 2014, quando foi para o Vaticano, convidado pelo Papa Francisco para responder pelas finanças entidade.
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