Ex-presidente do Equador chama entrega de Assange de 'vingança pessoal'
O ex-presidente do Equador Rafael Correa acusou hoje, em uma entrevista à AFP, seu herdeiro político e sucessor Lenín Moreno de entregar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, a "seus carrascos" por "vingança pessoal".
Depois de sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres para escapar da ira de Washington, Assange perdeu hoje o asilo de Quito e enfrenta um pedido de extradição para os Estados Unidos acusado de conspiração por ciberpirataria.
"Isso vai para os anais da história da humanidade como um dos mais assustadores e mais baixos atos (...) Foi entregue por vingança pessoal, por ódio, um asilado político a seus algozes", declarou Correa, que vive na Bélgica desde 2017.
O ex-presidente (2007-2017), que durante seu mandato concedeu asilo a Assange em 2012, acredita que o especialista em informática "não tem a menor chance de ter um julgamento justo nos Estados Unidos".
Correa sugere que Assange teria servido como moeda de troca entre seu ex-aliado Lenín Moreno e os Estados Unidos para conseguir uma ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), embora o "gatilho" da decisão tenha sido, segundo o ex-presidente, outro elemento.
"Há poucos dias, o WikiLeaks publicou algo que já era de conhecimento público, mas não globalmente, como é o caso da corrupção na qual a família presidencial está envolvida", explicou.
O portal inapapers.org denunciou os supostos fatos de corrupção ligados a Moreno, que nega as acusações. Na semana passada, ele criticou os "rumores prejudiciais" que vinculavam esse caso à possível retirada de asilo do controvertido especialista em computação.
"Apesar de ser esperado, estamos em estado de choque, porque não acreditamos que ousassem fazer tanto. Moreno nunca quis Julian Assange", acrescentou Correa, para quem o Equador foi "humilhado" perante a comunidade internacional.
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