Israel pode organizar novas eleições se Netanyahu não formar governo em 48 horas
Jerusalém, 28 Mai 2019 (AFP) - Poucos meses após as últimas eleições, Israel pode ter que voltar às urnas, se Benjamin Netanyahu não for capaz de formar uma coalizão de governo nas próximas 48 horas.
O futuro de Netanyahu, no poder há mais de dez anos sem interrupção e 13 no total, está em perigo desde as eleições de 9 de abril.
Netanyahu tem até a meia-noite de quarta-feira para formar uma coalizão de governo, conforme o mandato confiado a ele pelo presidente israelense Reuven Rivlin após as eleições.
Mas apesar de seu triunfo nas eleições de abril, o primeiro-ministro trava duras negociações com Avigdor Lieberman, que foi seu ministro da Defesa.
Por enquanto, o partido de Netanyahu, Likud, iniciou o processo de dissolução do Parlamento (Knesset).
Os deputados aprovaram um texto neste sentido na segunda-feira e nesta terça, em primeira instância. Existe, inclusive, uma data provisória para as novas eleições, que seriam realizadas em 17 de setembro.
No entanto, a lei tem que ser aprovada em segunda e terceira instâncias para que a Knesset seja dissolvida. E caso fracassem as negociações antes da quarta-feira à noite, seria possível um adiamento.
O presidente Rivlin poderia optar também por confiar a formação do governo a outro deputado, uma hipótese que Netanyahu rejeita.
Netanyahu poderia buscar formar um governo de minoria depois de um hipotético novo pleito.
Durante reunião nesta terça, o Likud deu seu aval para somar à sua lista os quatro assentos do partido de centro-direita Kulanu, encabeçado pelo ministro das Finanças, Moshe Kahlon, em caso de novas eleições.
Para sair da crise, outra lista de centro-direita, a do principal opositor de Netanyahu, general Benny Gantz, se disse disposta a formar um governo de união com o Likud. Um governo como este teria uma maioria sólida de 70 deputados sobre 120.
Mas o partido de Gantz pede que este governo não inclua Netanyahu, o que ele não parece querer aceitar.
O Likud e seus aliados venceram as eleições, convocadas por Netanyahu antecipadamente, um avanço que os analistas interpretaram como tentativa de se fortalecer ante sua possível incriminação em três casos de corrupção.
Após o pleito, Netanyahu parecia se encaminhar para um quinto mandato com uma aliança liderada pelo Likud e com forças de direita e partidos ultraortodoxos, que representam 10% da população.
No entanto, seus problemas judiciais o deixaram vulnerável diante das tentativas de toma lá, dá cá, advertem os analistas.
Netanyahu enfrenta agora a intransigência de Avigdor Lieberman, chefe do partido laico e nacionalista Israel Nossa Casa.
Para obter os cinco votos deste partido e chegar a 65 de um total de 120, Lieberman exige a aprovação de uma lei para que os judeus ultraortodoxos também tenham que cumprir obrigatoriamente o serviço militar.
Uma medida que muitos consideram justa, mas rejeitada pelos partidos ultraortodoxos, parceiros de Netanyahu.
Observadores não coincidem em saber se a exigência é uma estratégia Lieberman para obter mais ou se há um conflito pessoal entre ele e Netanyahu.
"Não estamos buscando dar a volta em Netanyahu e não buscamos um candidato alternativo, mas não renunciaremos a nossos objetivos e promessas aos cidadãos do Estado de Israel", escreveu Lieberman nesta terça em seu perfil no Facebook.
Celebrar novas eleições de forma tão rápida seria algo sem precedentes em israel, e existe preocupação com o custo e a prolongada paralisia política que implicaria.
Também seria um duro revés para Netanyahu, que na segunda-feira recebeu o apoio de seu aliado próximo, o presidente americano Donald Trump.
O presidente Rivlin disse nesta terça que permitiria a Netanyahu "utilizar todo o tempo disponível segundo a lei, com a esperança de que não cheguemos à situação infeliz de repetir as eleições".
A Casa Branca anunciou nesta terça que Jared Kushner, assessor e genro de Trump encarregado de elaborar um plano de paz israelense-palestino, viajará esta semana a Rabat, Amã e Jerusalém.
Sua passagem por Israel poderia ser ofuscada pela política interna do Estado hebreu.
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