Candidato argentino Fernández apoia Lula e ameaça acordo UE-Mercosul
Curitiba, 4 Jul 2019 (AFP) - O candidato de esquerda à presidência da Argentina Alberto Fernández afirmou nesta quinta-feira após visitar Lula que a prisão do ex-presidente "é uma mancha para o Brasil".
Fernández, que tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner, afirmou também que esperava conhecer os detalhes do acordo assinado entre o Mercosul e a União Europeia (UE) para saber se este convém aos interesses da Argentina e que, caso contrário, não hesitaria em revisá-lo.
O político argentino visitou Lula no presídio em Curitiba, onde ele cumpre uma pena de quase nove anos por corrupção e lavagem de dinheiro.
"Espero que esta detenção acabe o quanto antes. O Brasil não merece ter a mancha que a detenção de Lula significa", declarou Fernández, acompanhado pelo chanceler de Lula, Celso Amorim.
Lula se declara inocente e denuncia uma conspiração político-judicial para evitar que volte ao poder. Suas alegações ganharam novo impulso no mês passado, com a divulgação pelo site The Intercept Brasil de mensagens entre os procuradores que o acusaram e o então juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro, que emitiu sua primeira condenação.
Fernández, um advogado de 60 anos que disputará a eleição com o presidente Mauricio Macri, disse que vê "com preocupação" que fatos como a prisão de Lula aconteçam na América Latina.
"Vou estar do lado de Lula até que o sistema judicial entenda que é preciso respeitar os direitos e as garantias", afirmou.
O candidato peronista, que em maio visitou o ex-presidente uruguaio José Mujica em Montevidéu, comparou o processo contra Lula com os abertos contra Cristina Kirchner na Argentina e Rafael Correa no Equador.
"Nos três casos as provas são forçadas para poder envolver os presidentes em fatos que não têm nada a ver com a realidade (...), os fatos indeterminados, como certa vez apontou Moro, dos que agora conhecemos os e-mails que trocava com os procuradores", acrescentou.
Fernández, que lidera as pesquisas ante um Macri prejudicado pela crise econômica, afirmou também que tem a impressão de que o acordo UE-Mercosul foi "anunciado precipitadamente" para beneficiar Macri eleitoralmente.
Disse, ainda, que esperava conhecer os detalhes do acordo para se posicionar.
"O que acontece é que não se conhece detalhadamente, mas se o acordo é o que supomos, que é mais uma vez que nós vendamos produtos primários e eles nos vendam produtos industriais, teremos que revisar isso sem dúvida alguma", advertiu.
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