Trump retoma campanha em meio à polêmica sobre declarações 'racistas'
O presidente americano, Donald Trump, retomou as viagens de campanha, nesta quarta-feira (17), determinado a continuar seus ataques contra os democratas que "detestam" os Estados Unidos, um dia depois de o Congresso denunciar seus tuítes como "racistas".
"Estes ideólogos de esquerda (...) querem destruir nossa Constituição, suprimir os valores sobre os quais nosso magnífico país foi construído", disse Trump em Greenville, Carolina do Norte.
"Esta noite, renovamos nossa determinação de que os Estados Unidos não se tornarão um país socialista".
"Grande comício esta noite em Greenville", tuitou Trump, depois de três dias de violenta polêmica ligada a seus tuítes, nos quais aconselhou quatro congressistas eleitas pelo Partido Democrata a "voltarem" para seus países de origem, "lugares infestados pela criminalidade".
"Eu falarei das pessoas que amam nosso país e daquelas que o detestam", acrescentou no tuíte desta quarta, mostrando que insistirá no mesmo tom, responsável por uma onda de indignação nos EUA e fora do país.
Na disputa pela reeleição em 2020, o magnata republicano, de 73 anos, dá passos firmes, ainda que arriscados. Alimentando tensões raciais e ideológicas, ele renuncia claramente a adotar um discurso conciliador e se concentra, mais do que nunca, na mobilização do eleitorado branco.
As quatro representantes que foram alvo de Trump são Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), Ilhan Omar (Minnesota), Ayanna Pressley (Massachusetts) e Rashida Tlaib (Michigan). Três delas nasceram nos EUA.
Em entrevista conjunta à CBS, elas disseram se tratar de uma manobra política da parte do presidente americano.
"É uma maneira de distração (...) para não falar de temas que realmente preocupam os americanos", disse Ayanna Pressley.
Controlada pela oposição democrata, a Câmara de Representantes rejeitou nesta quarta-feira a proposta para se iniciar um processo de impeachment contra Trump.
A proposta foi rejeitada por 332 votos contra 95, o que revelou a divisão dentro do Partido Democrata sobre o tema.
Na terça-feira, a Câmara havia aprovado uma resolução condenando "energicamente os comentários racistas do presidente Donald Trump, que tem legitimado e incrementado o medo e o ódio contra novos americanos e contra as pessoas de cor".
Com forte significado simbólico, a votação mostrou que Trump pode contar com o apoio dos representantes republicanos. Em geral, seus correligionários são muito cautelosos quanto a criticar aquele que será - salvo alguma surpresa de última hora - seu candidato em 2020.
A resolução de terça foi firmada por 235 democratas e apenas quatro legisladores republicanos.
O texto "condenou as palavras do presidente, não o próprio presidente", disse a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, nesta quarta, citando um discurso de Ronald Reagan no qual o presidente republicano advertia contra a tentação de "fechar as portas para novos americanos".
- 'Abertamente racista' -O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, mostrou-se neutro: "Todos temos uma responsabilidade (...), nossas palavras são importantes", afirmou ele, antes de acrescentar que o presidente "não é um racista".
Para o líder dos republicanos na Câmara, Kevin McCarthy, toda esta controvérsia "é só uma história política".
Estas declarações não parecem afetar a popularidade de Trump entre os eleitores republicanos.
Seu índice de aprovação no país até aumentou cinco pontos, chegando a 72%, de acordo com pesquisa Reuters/Ipsos realizada na segunda e na terça-feira. Em comparação com a semana passada, seu índice de popularidade no eleitoral em geral se manteve estável, em 41%.
Para Joe Biden, vice-presidente de Obama durante oito anos e atual pré-candidato democrata à Casa Branca, nenhum chefe de Estado americano "foi tão abertamente racista como este homem".
"Pode-se imaginar um presidente conservador como George W. Bush, dando essas declarações racistas?", questionou o também pré-candidato democrata na corrida para 2020 Bernie Sanders.
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