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Hong Kong tem novas manifestações apesar de advertências chinesas

Manifestantes participam de protestos em Hong Kong segurando guarda-chuvas que, durante confrontos com a polícia, foram utilizados como escudos contra gás - Anthony Wallace/AFP
Manifestantes participam de protestos em Hong Kong segurando guarda-chuvas que, durante confrontos com a polícia, foram utilizados como escudos contra gás Imagem: Anthony Wallace/AFP

Em Hong Kong

02/08/2019 09h41

Os ativistas pró-democracia de Hong Kong se preparavam hoje para novas manifestações, apesar das advertências da China contra um movimento cada vez mais radical que está há dois meses nas ruas.

Iniciado como oposição a um projeto de lei de Hong Kong - atualmente suspenso - que permitiria extradições para a China, o movimento de protesto se transformou em uma denúncia do retrocesso das liberdades na ex-colônia britânica, com a exigência de reformas democráticas.

As manifestações, globalmente pacíficas, provocam confrontos violentos cada vez mais frequentes entre participantes radicais e as forças de segurança.

O Executivo de Hong Kong, pró-Pequim, e o governo central elevaram o tom esta semana e abriram processos contra manifestantes detidos. Também ameaçaram implicitamente com uma resposta mais severa.

Nos próximos dias, estão previstas novas manifestações, a começar por um protesto de funcionários públicos, algo inédito para um setor conhecido tanto por sua eficácia como por seu conservadorismo e discrição.

As autoridades advertiram os funcionários públicos para o risco de demissão. "Qualquer ação que mine o princípio de neutralidade política do serviço público é inaceitável", afirmou o governo.

Profissionais da área da saúde também convocaram protestos, assim como funcionários de bancos e empresas de finanças. Passeatas não autorizadas estão previstas para sábado e domingo, assim como uma greve geral na segunda-feira.

Para aumentar a tensão, as autoridades anunciaram na ontem a detenção de sete homens e uma mulher acusados de posse de explosivos.

Uma fonte policial afirmou que Andy Chan, fundador do partido independentista HKNP, atualmente proibido, está entre os detidos e que os agentes encontraram uma "bomba de gasolina".

O pequeno partido, o primeiro proibido em Hong Kong desde 1997, irritou o governo chinês por seu caráter independentista, apesar de ter poucos integrantes.

A proibição do HKNP e a expulsão posterior do correspondente do Financial Times no território foram vistos como símbolos do retrocesso das liberdades.

Em virtude do princípio "Um país, dois sistemas", pelo qual o Reino Unido cedeu Hong Kong à China, a cidade gozou até 2017 de liberdades desconhecidas no restante do país.

A revolta da população se deve às dificuldades econômicas, às desigualdades sociais cada vez maiores e ao sentimento de que a cidade perde identidade cultural por sua integração cada vez maior com a China.

Nos últimos fins de semana, os protestos terminaram em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes.

As agressões a manifestantes no fim de julho por parte de supostos membros das tríades - grupos criminosos de origem chinesa que operam na China e em Hong Kong - deixaram 45 feridos.

Baseada em Hong Kong, a guarnição do Exército Popular de Libertação (APL) ameaçou os manifestantes em um vídeo divulgado esta semana, ao chamar a violência nos protestos de "absolutamente intolerável".

Funcionários públicos participam de comício para apoiar o protesto de lei anti-extradição em Hong Kong - Tyrone Siu/Reuters - Tyrone Siu/Reuters
Funcionários públicos participam de comício para apoiar o protesto de lei anti-extradição em Hong Kong
Imagem: Tyrone Siu/Reuters