Topo

Manifestantes fazem show de laser em protesto contra prisão de estudante em Hong Kong

Manifestantes apontaram canetas laser para o Museu do Espaço em protesto à prisão de um estudante por porte de canetas laser - Philip Fong/AFP
Manifestantes apontaram canetas laser para o Museu do Espaço em protesto à prisão de um estudante por porte de canetas laser Imagem: Philip Fong/AFP

Em Hong Kong

08/08/2019 09h12

Centenas de opositores interromperam as cenas de violência vividas nas manifestações das últimas semanas em Hong Kong com um espetáculo de canetas laser que tomou conta da noite de ontem com muito humor e ironia.

Na terça-feira, um estudante foi preso por posse de "arma ofensiva", ou seja, dez canetas laser, o que provocou uma manifestação diante da delegacia que foi dispersada com uso de gases lacrimogêneos.

Os manifestantes então decidiram convocar para a noite de ontem um protesto de "observação das estrelas", um espetáculo com canetas diante do Museu do Espaço, que fechou suas portas mais cedo em função da manifestação.

Na hora marcada, todos os presentes começaram a mirar suas canetas laser na cúpula do museu, situado em Tsim Sha Tsui, bairro comercial e turístico da península de Kowloon.

Entre aclamações de uma multidão entusiasmada, dezenas de pontos luminosos verdes, vermelhos e violetas começaram a dançar sobre o prédio e as árvores vizinhas.

A megalópole do sul da China vive há dois meses sua maior crise política desde que foi entregue por Londres a Pequim em 1997, e as manifestações quase diárias se traduzem cada vez mais em confrontos violentos entre radicais e policiais.

Essas manifestações contam com o uso constante de canetas laser, pois os manifestantes tentam dificultar a visão das forças de ordem e, principalmente, atrapalhar o funcionamento das câmeras de vigilância e dispositivos de reconhecimento facial, para evitar consequências legais.

Os policiais, por sua vez, utilizam projetores para identificar os manifestantes e semear confusão na multidão que protesta.

Pessoas assistem a um espetáculo com canetas laser no Museu do espaço em Hong Kong - Thomas Peter/Reuters - Thomas Peter/Reuters
As canetas laser são utilizadas durante os protestos para dificultar a visão de policias e atrapalhar o funcionamento das câmeras de vigilância e dispositivos de reconhecimento facial
Imagem: Thomas Peter/Reuters

Espetáculo maior

Para contra-atacar a manifestação da quarta-feira com canetas laser no Museu do Espaço, na mesma hora e a apenas a algumas centenas de metros, outro espetáculo de luz e som, só que oficial e patrocinado pelo governo chinês, lançou ao céu uma luz muito mais potente.

"Estou indignada. Aquele estudante só tinha comprado canetas laser", protestou uma estilista de 28 anos de nome Lai. "Como a polícia pode prender alguém sem qualquer prova?", questiona.

A polícia alega que o uso de canetas laser prejudica a visão e três agentes da ordem pública apresentaram problemas nos olhos.

E Pequim fez nesta semana a advertência mais dura até agora aos manifestantes de Hong Kong, afirmando que não devem subestimar o "imenso poder" do governo central da China.

A advertência foi a mais contundente feita desde o início dos protestos, em junho, contra um projeto de lei que permitira a extradição de habitantes de Hong Kong para a China.

O projeto foi suspenso, mas os manifestantes exigem a retirada definitiva do texto e a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam.