Israel expulsa representante da Human Rights Watch
O diretor da ONG Human Rights Watch (HRW) em Israel e nos Territórios Palestinos, Omar Shakir, se tornará hoje a primeira pessoa expulsa do território israelense, no âmbito de uma série de medidas contra uma campanha de boicote ao Estado hebreu.
Desde 2017 Israel proíbe a entrada em seu território de qualquer estrangeiro acusado de apoiar a campanha BDS (boicote, desinvestimento, sanções) contra o país. De acordo com o ministério israelense de Assuntos Estratégicos, Shakir, que tem nacionalidade americana, é o primeiro que será expulso com base na medida.
Israel se recusou a renovar o visto de Shakir no fim de 2018, acusando o diretor da HRW de apoiar o BDS, o que Omar Shakir nega. Após uma série de recursos, o Supremo Tribunal aprovou a expulsão no início do mês.
"Não lembro de nenhuma outra democracia que tenha bloqueado o acesso a um investigador da Human Rights Watch", declarou à AFP Kenneth Roth, diretor da ONG.
"Isto demonstra o caráter cada vez mais restrito da democracia israelense", completou.
Shakir comparou a expulsão com tratamento que recebeu no Egito, Síria ou Bahrein.
Apesar da expulsão, Shakir permanecerá como o responsável na ONG por Israel e os Territórios Palestinos, mas baseado no exterior, indicou a ONG.
A União Europeia criticou a decisão de Israel e a ONU advertiu em maio que os ativistas pelos direitos humanos teriam cada vez menos margem de atuação em Israel.
O governo dos Estados Unidos declarou sua "forte oposição à campanha BDS contra o Estado de Israel", mas também ressaltou o apego à liberdade de expressão.
No centro do conflito entre Israel e HRW se esconde a guerra do Estado hebreu contra a campanha mundial BDS.
A campanha defende o boicote econômico, cultural ou científico de Israel para que acabe a ocupação e a colonização dos Territórios Palestinos. Os que defendem a iniciativa se apoiam em casos como o da África do Sul, cujo boicote permitiu o fim do regime do apartheid, afirmam.
Israel acusa o BDS de antissemitismo, algo que os partidários da campanha negam.
Em um primeiro momento, para justificar a expulsão, o Estado hebreu citou comentários de Omar Shakir nos quais defendia o boicote ao país, antes de assumir suas funções em Israel, em 2017.
Além disso, as autoridades israelenses rejeitam as críticas da HRW às colônias do país na Cisjordânia ocupada, ilegais de acordo com o direito internacional.
"Todos que atuam contra Israel devem saber que não permitiremos que morem ou trabalhem aqui", declarou após a decisão do Supremo Tribunal o ministro do Interior de Israel, Aryeh Deri, que citou Shakir como "um dos líderes do movimento BDS".
"Nem a Human Rights Watch nem eu, como seu representante, pedimos o boicote a Israel", afirmou Shakir.
Como faz com os governos, a HRW pede às empresas que operam nas colônias da Cisjordânia ocupada que parem de fazê-lo, por considerar que estariam contribuindo para violações dos direitos humanos, explicou o diretor.
Mais de 600 mil israelenses vivem em colônias da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, territórios ocupados por Israel desde 1967 onde vivem quase três milhões de palestinos. As colônias carecem de base no direito e constituem uma "violação flagrante do direito internacional", afirma a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU.
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