Papa quer introduzir condenação por 'posse' de armas nucleares no catecismo
Brasil, 26 Nov 2019 (AFP) — O papa Francisco afirmou que deseja introduzir a condenação da "posse" de armas nucleares dentro dos ensinamentos da Igreja. A declaração foi feita nesta terça-feira no voo de volta do Japão, onde visitou Nagasaki e Hiroshima, duas cidades vítimas da bomba atômica.
"Isto deve entrar no catecismo da Igreja Católica, não só o uso mas também a posse" de armas nucleares, declarou durante a coletiva de imprensa que tradicionalmente realiza em seus voos papais.
O pontífice argentino, contrário às armas nucleares, condenou com força em Hiroshima o "crime" do uso da energia atômica com fins militares e denunciou a lógica da dissuasão nuclear durante sua visita às duas emblemáticas cidades japoneses.
"A loucura de um governo pode destruir a humanidade", advertiu o papa, que se dirigiu em italiano aos cerca de 70 jornalistas que o acompanhavam.
O pontífice argentino disse que teme também um acidente nuclear porque não existe até agora um sistema que garanta a total segurança.
"Minha opinião pessoal é que não se deve usar energia nuclear enquanto seu uso não for totalmente seguro", acrescentou.
Questionado por um jornalista japonês sobre esse tema, o pontífice falou sobretudo dos "riscos".
Francisco lamentou também que organizações internacionais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, não tenham chegado a tomar decisões para reduzir a quantidade de armamentos e evitar guerras.
"Se há um problema com as armas e todos estão de acordo para resolvê-lo de modo a evitar um incidente belicoso, todos votam a favor do 'sim', mas se apenas um com poder de veto diz 'não', tudo para", explicou.
O pontífice criticou claramente "a hipocrisia de quem produz armamentos".
"Há países cristãos ou ao menos de cultura cristã, como os países europeus (...), que falam de paz e vivem das armas, isso se chama hipocrisia", apontou.
"Uma nação deve ter a coragem de dizer que não pode falar de paz porque sua economia está ganhando muito com a fabricação de armas", ressaltou.
Para o chefe da igreja católica, a paz no mundo atualmente é "muito frágil".
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