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Simpatizantes de Trump desafiam epidemia para mostrar força em retorno da campanha

Apoiadores de Donald Trump esperam para comício de campanha em Tulsa, Oklahoma - Leah Millis/Reuters
Apoiadores de Donald Trump esperam para comício de campanha em Tulsa, Oklahoma Imagem: Leah Millis/Reuters

Tulsa, Estados Unidos

20/06/2020 19h31

Centenas de simpatizantes de Donald Trump se reuniram neste sábado (20) em Tulsa para o primeiro comício do presidente americano, Donald Trump, em meses, como parte da campanha à reeleição do republicano.

Para a multidão, a ameaça do coronavírus não era motivo para deixar de escutar pessoalmente a mensagem do atual presidente.

Ao redor da cerca instalada na BOK Arena, partidários de Trump chegaram usando bonés e camisetas vermelhas características do atual presidente, com o famoso lema "Make America Great Again", embora somente poucos usassem máscaras.

As regras de distanciamento social também não foram seguidas durante o evento, mesmo que os casos de coronavírus tenham disparado em Oklahoma.

O presidente minimizou o risco de que o comício realizado nesta tarde pudesse gerar um surto de coronavírus entre os participantes, e priorizou a importância que esse ato teria na sua campanha eleitoral, ofuscada pela pandemia.

O que ocorre em Tulsa não pode ser mais significativo, tanto pela saúde de 19.000 pessoas que passarão horas confinadas em um estádio quanto pelas aspirações eleitorais de Trump, que a cinco meses das eleições está atrás do seu rival democrata, Joe Biden, segundo as pesquisas.

"Estamos aqui para demonstrar que apoiamos o presidente Trump e que nós, o povo, venceremos as eleições de 2020, sem importar o que diga a falsa mídia e outras grandes empresas liberais, esquerdistas e controladoras da mente", disse Brad, um homem branco que negou-se a dizer o seu sobrenome.

O comício tem gerado polêmicas para além dos riscos de contágio.

Originalmente, o evento estava marcado para a última sexta, dia da comemoração do fim da escravidão nos Estados Unidos, em um cenário urbano onde ocorreu um dos piores massacres a negros na história dos Estados Unidos. Um dia depois, neste sábado, a multidão reunida do lado de fora do estádio era quase toda branca.

Este é o primeiro comício de Trump desde que o país começou o confinamento, em 2 de março, como forma de tentar impedir a propagação do novo coronavírus.

Desde março, a pandemia já matou quase 120.000 pessoas no país e causou um duro golpe à economia local, .

Para o magnata republicano e seus simpatizantes, que devem participar em grande número para votar nos principais estados durante as eleições de novembro, Tulsa representa a vitrine na qual podem mostrar sua força.

"Este é um momento super importante para todos nós", disse Stephen Corley, de 19 anos, enquanto acampava do lado de fora do estádio desde a última terça para garantir uma vaga ao lado de Trump.

"Todos temos um objetivo em comum aqui. É uma oportunidade única na vida".

Estado vermelho

A tarefa de Trump neste sábado, perante a uma esmagadora maioria republicana de Oklahoma, é reviver uma campanha abalada pela forma como lidou com a pandemia e após semanas de tensão racial.

Além das críticas esperadas de Biden e outros líderes democratas, o presidente foi duramente atingido por alguns republicanos.

O golpe mais recente e mais profundo veio de seu ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton, que esta prestes a lançar seu livro "The Room Where it Happened", no qual descreve Trump como ignorante e corrupto.

Neste sábado, um juiz rejeitou a tentativa do governo de impedir que o livro chegasse ao público.

Perigo viral

Enquanto Trump faz suas apostas políticas, dezenas de milhares de apoiadores e manifestantes contrários ao presidente correm o risco de contrair a COVID-19.

Na sexta-feira, a Suprema Corte do estado decidiu contra uma ação que visava proibir o comício.

"Estamos confiantes de que podemos fornecer segurança em Tulsa", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany.

Os organizadores do evento fornecerão desinfetante para as mãos e máscaras faciais para quem precisar, além de controlar a temperatura.

Os participantes devem assinar um documento para proibi-los de entrar com ações contra os organizadores do evento em caso de contágio de coronavírus.

Jody, uma partidária de Trump que se recusou a dar seu sobrenome, está esperando para participar do comício mais cedo com seu filho de cinco anos, Aaron, caracterizado como Trump.

Ao contrário do presidente, que tem sido inflexível em se recusar ao aparecer em público com uma máscara, Jody disse que eles usariam máscaras.

"Conhecemos seis pessoas que estavam doentes com COVID-19, então absolutamente" usaremos máscaras, declarou.

"Mas você não pode forçar as pessoas a fazer algo que elas não querem", acrescentou.