Ex-assessor de Trump diz que Kim Jong Un deve rir do presidente americano
John Bolton, ex-assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, afirmou acreditar que o líder norte-coreano Kim Jong Un deve "rir muito" da percepção que o presidente Donald Trump tem da relação entre os dois.
Bolton deu sua primeira entrevista, ao canal ABC News, antes do lançamento na terça-feira do seu já polêmico livro de memórias, que contém duras acusações contra Trump.
Ao ser questionado pela jornalista Martha Raddatz se Trump "realmente acredita que Kim Jong Un o ama", Bolton respondeu de maneira direta. "Acredito que Kim Jong Un deve rir muito disso. As cartas que o presidente mostrou à imprensa (...) são escritas por algum funcionário norte-coreano". "Ainda assim o presidente as considera a evidência de uma profunda amizade", completou.
No livro, Bolton afirma que Trump não estava preparado para sua primeira reunião com Kim em Singapura, mas esperava que fosse um "grande teatro".
Também critica o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e afirma que o cenário diplomático era uma "criação da Coreia do Sul, mais relacionada com seu programa de 'unificação' que com uma estratégia séria para Kim ou nós".
O gabinete da presidência sul-coreana reagiu e acusou Bolton de distorcer os fatos e colocar em perigo as futuras negociações.
Na entrevista, Bolton também afirmou que não considera Trump apto para o cargo e que espera que ele seja um presidente de apenas um mandato. Porém, afirmou que não votará no republicano nem no democrata Joe Biden nas eleições de novembro.
A administração Trump tentou impedir a publicação do livro de Bolton, mas um juiz americano rejeitou no sábado a tentativa e afirmou que era muito tarde para emitir uma ordem neste sentido.
O livro "The Room Where it Happened" (A Sala Onde Aconteceu) é o relato de Bolton dos 17 meses que trabalhou no governo Trump, até sua demissão em setembro do ano passado.
Na entrevista, Bolton afirma, no entanto, que pediu demissão e que a gota d'água para ele foi o convite que Trump fez aos talibãs a Camp David durante as negociações de paz afegãs.
Em seu livro, o ex-conselheiro afirma ainda que Trump "suplicou" ao presidente chinês, Xi Jinping, durante as negociações comerciais para que aumentasse as compras de produtos agrícolas americanos com o objetivo de conquistar votos em estados cruciais na eleição de novembro.
Também respalda as acusações contra Trump sobre a suposta pressão exercida sobre a Ucrânia para revelar informações que prejudicassem Biden.
Congressistas republicanos e democratas criticaram Bolton por publicar o livro e afirmaram que ele deveria ter apresentado as informações durante o processo de "impeachment" contra Trump.
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