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Trump procura maneiras de 'recuperar imagem' após polêmicas na pandemia

Donald Trump usou máscara em público pela primeira vez no dia 11 de junho - ALEX EDELMAN / AFP
Donald Trump usou máscara em público pela primeira vez no dia 11 de junho Imagem: ALEX EDELMAN / AFP

Da AFP, em Washington

15/07/2020 14h18

Criticado pela esquerda e pela direita pela demora em combater a crise sanitária, Donald Trump procura desesperadamente uma maneira de se recuperar, embora pareça desarmado para enfrentar uma pandemia que não parece dar trégua.

"Excelentes notícias sobre vacinas", tuitou hoje, ansioso para virar a página da covid-19, à medida que a votação de 3 de novembro se aproxima, quando buscará a reeleição.

A realidade, entretanto, não ajuda: o número de casos cresce em quase 40 dos 50 estados. A Califórnia, o mais populoso do país, anunciou ontem o fechamento de parte de sua economia.

Com curvas de propagação de vírus muito diferentes das registradas na Europa, a situação nos Estados Unidos é avaliada como muito ruim. Trump tenta contornar a questão o máximo que pode.

Ontem, durante uma coletiva de imprensa improvisada para denunciar a atitude da China e difamar seu rival democrata Joe Biden, ele fez pouca referência à política de seu governo de combater a pandemia de coronavírus.

Hoje, Trump vai à Atlanta para fazer um discurso que se concentrará na modernização da infraestrutura do país.

Suas tentativas de desacreditar o renomado especialista em imunologia Anthony Fauci fracassaram. Fauci afirma sem rodeios que a estratégia do governo de combater o vírus não funciona.

Mesmo no campo republicano, exige-se uma abordagem séria da crise pelo presidente e seu círculo mais próximo, em vez de procurarem bodes expiatórios.

Desorientação

Desorientada, a Casa Branca tenta acalmar os ânimos. Em uma coluna publicada hoje no USA Today, Peter Navarro, o principal consultor de Trump em assuntos comerciais, atacou Fauci severamente.

"Se me perguntarem se eu escuto os conselhos do Dr. Fauci, minha resposta é: apenas com cautela e ceticismo".

Em uma ação incomum, Alyssa Farah, diretora de comunicações da Casa Branca, postou um tuíte criticando o consultor, próximo ao presidente.

"A opinião de Peter Navarro não foi além das permissões normais da Casa Branca e é apenas a opinião dele. @RealDonaldTrump valoriza a experiência de profissionais médicos que aconselham o governo", afirmou.

Em meio à polêmica, o ex-presidente Barack Obama também usou a rede social para enviar uma mensagem, sem mencionar Trump.

"Os dados mais recentes oferecem um lembrete trágico de que o vírus não se importa com discurso político ou ideologia, e que o melhor que podemos fazer por nossa economia é enfrentar nossa crise de saúde pública".

Enquanto isso, Joe Biden está satisfeito com uma campanha mínima e atualmente se beneficia da desorientação do governo.

Com bom desempenho nas pesquisas, mesmo em distritos republicanos, o candidato democrata denuncia a "falha de resposta" de Trump à crise da saúde e faz alterações em sua estratégia no mapa eleitoral.

Ontem, ele emitiu um aviso de campanha no Texas, um estado que não vota em um candidato democrata à Casa Branca desde 1976 e onde as pesquisas o colocam, em média, em pé de igualdade com Trump.

O desconforto é sentido no campo republicano, onde um pesado silêncio se instalou.

Segundo a média nacional de pesquisas no nível nacional feita pelo site RealClearPolitics, Biden supera Trump em nove pontos percentuais.

Também é o primeiro em pelo menos cinco dos estados considerados essenciais para influenciar uma eleição: Arizona, Flórida, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.