Belarus: oposição faz novos protestos contra Lukashenko
Minsk, Bielorrússia, 23 Ago 2020 (AFP) - Os opositores do presidente bielorrusso voltaram às ruas neste domingo (23) em Minsk, em uma nova manifestação que busca manter a pressão contra o governo, confrontado por um movimento de protesto histórico.
No poder há 26 anos, Alexander Lukashenko, de 65 anos, prometeu que iria "resolver o problema" das manifestações que, segundo ele, são instigadas pelo exterior, e colocou o exército em alerta, acusando a OTAN de fazer manobras em suas fronteiras.
Milhares de pessoas, entre eles trabalhadores da grande fábrica de tratores MTZ, marchavam em direção ao centro da capital, Minsk, com bandeiras brancas e vermelhas, as cores da oposição, segundo constataram repórteres da AFP.
No centro de la cidade, outros milhares gritavam "Liberdade" e "Lukashenko para o carro da polícia".
Nos arredores, foram implantadas inúmeras forças antidistúrbios, com canhões de água, segundo repórteres da AFP.
Pouco antes do início do protesto, o Ministério do Interior alertou contra as manifestações "ilegítimas" e pediu aos cidadãos que agissem com "sensatez".
O Ministério da Defesa alertou que, em caso de incidentes perto dos memoriais da Segunda Guerra Mundial, onde ocorreram os protestos nessas últimas duas semanas, os responsáveis terão que lidar "não com a polícia, mas com o exército".
A oposição espera repetir o ocorrido em 16 de agosto, quando organizou nas ruas de Minsk a maior manifestação da história do país, com 100.000 participantes, para denunciar —segundo eles— a reeleição fraudulenta à presidência de Lukashenko, uma semana antes.
'Continuar'
"Me sinto muito orgulhosa porque depois de 26 anos de medo [os bielorrussos] estão dispostos a defender seus direitos", declarou no sábado à AFP a líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanóvskaya, que considera ter ganhado a eleição.
"Peço que continuem, que não parem, porque é realmente importante continuarmos unidos na luta por nossos direitos", acrescentou Tikhanóvskaya, uma ex-professora de inglês de 37 anos, que se refugiou em Vilna, capital da Lituânia.
Até agora, o presidente bielorrusso se manteve firme em sua posição. Embora conte com o apoio do exército, da polícia e dos serviços secretos, alguns de seus aliados na imprensa estatal e em empresas públicas o abandonaram.
Neste domingo, seus partidários também organizam manifestações de apoio.
'Manobra de distração'
No sábado, o presidente bielorrusso visitou as unidades militares implantadas em Grodno, perto da fronteira polonesa, onde denunciou o movimento de protesto, instigago "pelo exterior", e ordenou "medidas mais rígidas para defender a integridade territorial de nosso país".
Além disso, afirmou que constatou "manobras significativas das forças da OTAN" perto das fronteiras bielorrussas, na Polônia e Lituânia, e anunciou que o conjunto das forças armadas bielorrussas estão em alerta.
A Aliança Atlântica desmentiu ter reforçado sua presença no local e garantiu que essas afirmações "não têm fundamento".
Para a opositora Tikhanóvskaya, esta decisão do chefe de Estado é uma "manobra de distração para que não prestemos atenção em nossos problemas internos".
As autoridades bielorrussas abriram uma investigação contra o "conselho de coordenação" formado pela oposição por "atacar a segurança nacional". Este órgão foi criado nesta semana com o objetivo de impulsionar uma transição política após as eleições.
No plano internacional, a Rússia expressou seu apoio a Lukashenko, apesar de algumas relações tensas entre Moscou e Minsk nos últimos meses, e advertiu contra qualquer forma de interferência ocidental.
A União Europeia (UE) prevê sanções contra o poder em Belarus.
Neste sentido, o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, declarou que a UE deve conversar com o presidente bielorrusso, embora não reconheça sua legitimidad, e o comparou com o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
"Deste ponto de vista Maduro e Lukashenko estão exatamente na mesma situação. Não reconhecemos que tenham sido legitimamente eleitos. No entanto, gostemos ou não, eles controlam o governo e temos que continuar conversando com eles, apesar de não reconhecer sua legitimidade democrática", afirmou Borrell em uma entrevista este domingo ao jornal espanhol El País.
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