Farc reconhece sequestro como 'grave erro' e pede perdão às vítimas
A ex-guerrilha e hoje partido político Farc pediu perdão público nesta segunda-feira (14) às milhares de pessoas que sequestrou na Colômbia e expressou arrependimento pela "dor" e pelas "humilhações" que causou.
"O sequestro foi um grave erro do qual não podemos fazer nada além de nos arrepender", declarou a direção do partido na mensagem de desculpa mais contundente que já enviou desde que a paz foi decretada em 2016.
A ex-organização rebelde mais poderosa da América, envolvida em conflitos de quase seis décadas, admitiu que o "sequestro feriu a legitimidade e credibilidade" do movimento armado contra o Estado colombiano.
"Este lastro hoje pesa na consciência e no coração de cada uma e cada um de nós", completou em declaração pública.
A ex-guerrilha responde por atrocidades no tribunal criado após os acordos de paz que permitiram a desmobilização de cerca de 13 mil rebeldes, incluindo 7 mil combatentes.
Na mensagem, o partido Farc garante entender a dor que causou a "tantas famílias" e citou o caso de Andrés Felipe Pérez, uma criança de 12 anos que morreu de câncer em 2001 enquanto seu pai, um cabo da polícia, estava no poder dos rebeldes. O pai acabou assassinado em cativeiro.
"Sentimos como uma facada no coração a vergonha que nos produz não ter escutado o clamor de Andrés Felipe Pérez. Não podemos devolver o tempo perdido para evitar a dor e as humilhações que causamos a todos os sequestrados", diz o partido.
A justiça de paz investiga mais de 20 mil sequestros realizados pelos rebeldes que largaram as armas, entre eles a da franco-colombiana Ingrid Betancourt, que passou seis anos presa em cativeiro antes de ser libertada em uma operação militar em 2008.
Os dirigentes da ex-guerrilha, que além de sequestros respondem a acusações de recrutamento de menores, poderão receber penas de até 20 anos de prisão.
Embora o desarmamento das Farc tenha aliviado sensivelmente a violência na Colômbia, grupos armados financiados pelo narcotráfico ainda operam no país e, nas últimas semanas, organizaram massacres e assassinatos.
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