Nova fronteira na Irlanda após o Brexit pode incitar violência
A inteligência britânica acredita que depois do Brexit o restabelecimento de uma fronteira física que separe a Irlanda do Norte e sua vizinha, a República da Irlanda, aumentaria significativamente o risco de violência por paramilitares dissidentes, informou uma comissão parlamentar nesta segunda-feira (5).
O Comitê de Inteligência e Segurança do Parlamento britânico observou em um relatório que - apesar do trabalho da polícia e dos serviços internos de inteligência, o MI5 - "o terrorismo relacionado à Irlanda do Norte continua sendo uma ameaça".
Os paramilitares republicanos dissidentes, contrários ao controle do Reino Unido da província, continuam recrutando novos membros, principalmente entre os mais jovens, o que requer maior trabalho local para impedi-los, acrescenta.
Nesse contexto, "qualquer infraestrutura fronteiriça resultante do Brexit será tanto alvo (de ataques) quanto argumento de recrutamento por grupos republicanos dissidentes", afirmam.
Na Irlanda do Norte, três décadas de conflito violento entre católicos republicanos e protestantes unionistas deixaram cerca de 3.500 mortos.
O conflito terminou com o acordo de paz da Sexta-Feira Santa de 1998, do qual uma das partes mais importantes é a garantia de uma fronteira aberta entre a província britânica e a República da Irlanda, membro da União Europeia.
Foram eliminados postos de controle e as torres de vigilância do exército, que durante décadas foram alvo de ataques frequentes.
O acordo do Brexit entre Londres e Bruxelas estabeleceu um mecanismo pelo qual a Irlanda do Norte continuaria a respeitar as regras do mercado comum europeu para evitar restabelecer essa fronteira.
No entanto, o impasse nas negociações comerciais pós-Brexit e um projeto de lei britânico modificando as disposições do Tratado de Saída reacenderam os temores de retorno dos controles alfandegários e de segurança na ilha.
O MI5 afirmou que qualquer infraestrutura de fronteira "se tornaria imediatamente alvo de ataques (republicanos dissidentes) e aumentaria o risco de violência política nas áreas de fronteira", ressaltou a comissão parlamentar.
"O Brexit também pode reacender a ameaça de grupos sindicalistas (pró-Reino Unido) que mantiveram um cessar-fogo" até agora, acrescentou ele.
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