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Biden acusa Trump de render-se diante da covid-19 a poucos dias das eleições

3.set.2020 - O democrata Joe Biden chega a Kenosha, em Wisconsin - Getty Images
3.set.2020 - O democrata Joe Biden chega a Kenosha, em Wisconsin Imagem: Getty Images

26/10/2020 06h22

Washington, 26 Out 2020 (AFP) - O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou ontem Donald Trump de render-se diante da covid-19, enquanto um novo foco do vírus afeta a equipe do chefe de Estado, os casos aumentam em todo o país e o chefe de gabinete do republicano fez um reconhecimento incômodo.

Nove dias antes da votação, com mais de 225 mil mortes por coronavírus nos Estados Unidos, o chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, admitiu que a Casa Branca "não vai controlar a pandemia".

"Isto é o que vamos fazer. Não vamos controlar a pandemia, vamos controlar o fato de que podemos ter vacinas", disse Meadows ao canal CNN no domingo.

De maneira imediata, Biden aproveitou o comentário de Meadows e voltou a criticar o governo sobre sua gestão da pandemia, que no sábado registrou um novo recorde diário, com quase 90 mil infectados em 24 horas.

"Não foi um erro de Meadows", denunciou Biden em um comunicado. "Foi uma constatação honesta da estratégia do presidente Trump desde o início da crise: agitar a bandeira branca da derrota e esperar que, se for ignorado, o vírus irá embora", completou.

"Não fez nada e não fará", afirmou.

A mensagem de Biden foi divulgada enquanto milhões de americanos, preocupados com a perspectiva de centros eleitorais lotados no dia da eleição, em 3 de novembro, e motivados por uma votação considerada existencial pelos dois candidatos, continuam votando de maneira antecipada, seja de maneira presencial ou por correio.

Nove dias antes da eleição, a votação antecipada já é maior que em 2016. De acordo com o Projeto Eleitoral dos Estados Unidos, um centro de estudos da Universidade da Flórida, até o domingo mais de 59 milhões de eleitores já haviam registrado seus votos.

Pence mantém agenda de campanha

Atrás nas pesquisas e com pouco tempo, Trump, 74 anos, continuou o ritmo acelerado de campanha, com escalas em New Hampshire e no Maine ontem.

Suas tentativas de de minimizar a gravidade da pandemia ou ressaltar outros temas enfrentam constantemente as notícias ruins sobre o vírus.

Marc Short, chefe da equipe do vice-presidente Mike Pence, assim como outros altos funcionários do governo, testou positivo para covid-19 no fim de semana.

"O vice-presidente vai continuar sua agenda de viagens", disse o porta-voz da campanha republicana, Tim Murtaugh, à Fox News.

"[O vice-presidente] leva essa questão muito a sério (...) as pessoas de sua equipe estão em quarentena e ele conta com os melhores conselhos da unidade médica da Casa Branca", continuou.

Em New Hampshire, Trump insistiu em desviar a atenção das notícias ruins: "Estamos perto, temos as vacinas, temos tudo".

Nenhuma vacina foi aprovada para o vírus até o momento e os especialistas alertam que o país pode registrar milhares de mortes nos próximos meses.

Campanhas contrastantes

Murtaugh criticou Biden por sua agenda de campanha leve, dizendo que o candidato democrata estava "sentindo a pressão" e "tirou cinco ou seis dias de folga" antes do último debate presidencial, realizado na quinta-feira (22).

"O presidente Trump realizou mais em 47 meses do que Joe Biden em 47 anos de fracasso", criticou Murtaugh.

"Estamos fazendo uma campanha incrivelmente dura", declarou a vice-diretora da campanha de Biden, Kate Bedingfield, ao programa "Meet the Press".

"A diferença entre o que estamos fazendo e o que Trump está fazendo é que estamos fazendo as coisas de maneira segura", continuou.

Biden, de 77 anos, planejou para domingo participar em um evento virtual chamado "Eu votarei".

Os Estados Unidos são o país mais atingido no mundo pela covid-19, com quase 225 mil mortes pelo vírus.

Biden mantém uma vantagem estável de cerca de dez pontos nas pesquisas nacionais e uma vantagem mais estreita em estados contestados como a Flórida, que normalmente decidem o vencedor da eleição presidencial dos Estados Unidos.

Mas tanto republicanos quanto democratas estão desconfiados das pesquisas depois da surpresa de Trump em 2016, quando ele derrotou Hillary Clinton, apontada como favorita em praticamente todos os estudos.